Mesmo sendo capital, a rede pública de Cuiabá não garante o atendimento aos casos de urgência e emergência na UPAS e Policlínicas. O Sindicato dos médicos de Mato Grosso, Sindimed, aponta que a Prefeitura só conseguiu transferir os problemas do antigo Pronto Socorro Municipal de Cuiabá para essas unidades de urgência e emergência. Em várias visitas a UPAS e outras unidades de saúde, o Sindimed-MT constatou que a rede não presta um bom atendimento para pacientes com problemas considerados emergenciais. Isso se espelha nas péssimas condições de trabalho oferecidas por essa gestão, como o caso recente da paciente que foi a óbito enquanto aguardava a transferência de uma da UPA Osmar Cabral para uma policlínica que aponta para o descaso de forma clara e cristalina da gestão na saúde pública da capital mato-grossense. No caso em tela, a paciente apresentava dor torácica. A transferência de uma unidade mais complexa para uma de menor complexidade (absurdo) se deu devido ao simples fato de que na UPA Osmar Cabral não estava disponível o eletrocardiograma. Esse aparelho que custa menos de oito mil Reais e tem um custo baixíssimo de manutenção é ferramenta indispensável na avaliação de um paciente com dor torácica. Para se ter uma noção da gravidade do fato, antes mesmo da avaliação médica esse exame deve ser imediatamente realizado, de acordo com todos os protocolos existentes para um pronto atendimento desses casos. Seu resultado, que demora alguns poucos minutos, deve ser levado imediatamente para avaliação pelo médico emergencista. “Tempo é músculo”, esse jargão médico se refere ao músculo cardíaco, principal causa de mortes em unidades de emergência. Uma vez detectadas alterações condizentes com infarto, esse paciente tem que ser transferido imediatamente para uma Unidade Coronariana para a vital realização do cateterismo cardíaco. “No dia e hora, e porque não dizer minutos fatídicos, o que o médico pode fazer foi encaminhar esse paciente para uma unidade de menor capacidade para realizar o eletrocardiograma. E o que mais o médico poderia ter feito, se também não estava disponível a dosagem das enzimas cardíacas, também extremamente necessárias na avaliação dos pacientes que apresentem dor torácicas?”,  pergunta o presidente do Sindicato dos Médicos de Mato Grosso, Adeildo Lucena. “Se o médico acredita em Deus, poderia fazer uma oração e pedir que não fosse um infarto agudo do miocárdio. Nós estivemos esse ano visitando essa UPA e denunciamos a inexistência desse exame simples e vital. Inclusive, ficamos sabendo é esse um serviço terceirizado pela Prefeitura de Cuiabá”. Imaginem, senhores, o tamanho do descaso, uma vez que depois das nossas denúncias, a unidade continua sem ter disponível um simples eletrocardiograma, afirma o presidente. Isso é culpa do médico? Não seria da Prefeitura de Cuiabá? Questiona Adeildo. “A saúde é um direito de todos e dever o do Estado. Se o município coloca à disposição da sociedade uma unidade de pronto atendimento, ela deve estar equipada com o mínimo de equipamentos e insumos necessários para garantir uma assistência resolutiva ao usuário do SUS. O SINDIMED se compadece da perda da família e se coloca à disposição da família para orientar sobre as possibilidades buscar reparações em razão das más condições de atendimento”, diz o presidente do Sindimed. Em outras unidades de atendimento de Cuiabá às emergências também não tem eletrocardiograma disponível para se prestar o primeiro atendimento a casos de dor torácica. E nessas situações, além de ser terceirizado o serviço, gera muito mais custos porque o paciente ainda é transferido para outra unidade que tem o aparelho para fazer o exame de depois retornar à unidade de origem. “Fico indignado com essa situação. No entanto a prefeitura prefere fazer toda essa logística que causou com essa espera o óbito dessa paciente e tem sido causa de tantos outros”, condena Adeildo Lucena, presidente do Sindimed. Em visitas a Upas e Policlínicas ele constatou que somente a policlínica do Coxipó possui o eletrocardiolograma no local. “São coisas simples que podem salvar a vida das pessoas, já que quanto mais rápido o diagnóstico, mais cedo as medidas pertinentes serão tomadas e vidas podem ser salvas. Mas a prefeitura prefere terceirizar. Já basta a falta de medicamentos, falta também aparelhos baratos e simples de operar, mas parece que em Cuiabá tudo é mais complicado no que tange atender a população. Direto recebemos relatos de colegas reclamando que tem que deslocar o paciente e por em risco a vida deles pela falta do aparelho”, denuncia Adeildo.
Via | Assessoria
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