Evidentemente, não há como negar que nós vivemos num mundo altamente competitivo e extremamente capitalista já faz um bom tempo. Embora esta não seja uma realidade para todas as nações do planeta e muito menos para todas as pessoas que o habitam, não dá mais para disfarçar que o capitalismo, quando colocado em prática através de uma propaganda muito bem arquitetada, pode comover e seduzir até mesmo os mais céticos. Na verdade, isso é o que mais se vê hoje em dia, graças ao marketing, seja ele digital ou não. A história oficial nos ensina, por exemplo, como alguns dias comemorativos e feriados foram criados e são celebrados em diferentes rincões do globo terrestre, dando ênfase ao que acontece no Ocidente, ainda tido por muitos como o “mundo civilizado” – com raras menções ao que acontece em países asiáticos, africanos ou árabes. A começar pelo primeiro dia do ano, o New Year’s Day, na língua inglesa, cujo investimento das empresas (atacadistas e varejistas), bem como os valores gastos em “comprinhas” pelas pessoas, somam trilhões de dólares mensalmente ao redor do mundo. E isso é bom, of course; mas também é ruim. Eu explico! A tradição de celebrar o Carnaval no Brasil e o Mardi Gras nos Estados Unidos em fevereiro, for instance, é boa porque reúne familiares e (novos) amigos num ambiente de descontração, festa e confraternização. Por outro lado, isso é ruim porque estimula os excessos (bebedeira, comilança, prostituição, violência, etc.), com ou sem pandemia. Já outros eventos e datas comemorativas como o Mother’s Day, Independence Day, Father’s Day e tantos outros days que você pode contabilizar são tidos como ‘ótimos’ e ‘maravilhosos’ pela população brasileira de um modo geral, e em especial por muitos trabalhadores – que, “finalmente”, podem ter uma folga e descansar um pouco. Para a economia dos países, entretanto, feriados demais (como é o que geralmente ocorre no calendário do Brasil) significam ganhos de menos para a maioria do empresariado e dos empreendedores. Dependendo do setor, este é um péssimo negócio… Se ao menos fosse feito algo mais produtivo (física e intelectualmente falando) pelas pessoas durante este período, vá lá. No entanto, neste Brasil lindo e trigueiro, poucas ainda são as pessoas que leem, escrevem ou (Cristo na causa!) estudam ao menos por alguns minutos nessa época do ano. A maioria daqueles que têm condições viaja para recarregar as baterias, rever parentes, etc., mas acaba mesmo é voltando mais cansada do que quando partiu. Isso não é… interessante? É por esta e muitas outras razões que o comércio brasileiro, com o intuito de recuperar suas vendas e ganhos, importou a ideia do Valentine’s Day em fevereiro, do International Women’s Day em março, do Halloween em outubro e do Thanksgiving Day em novembro, seguido da Black Friday e, mais recentemente, da Cyber Monday – criada em 2005 pela Federação Nacional de Comércio dos Estados Unidos, a fim de convencer as pessoas a fazer (mais e mais) compras online e impulsionar as vendas no final do ano. Resultado: com o passar dos anos, outros países também adicionaram a ‘segunda-feira cybernética’ ao seu próprio calendário anual. Que fique claro! Todos esses eventos de promoção, liquidação e (por que não?) celebração promovidos pelo setor comercial (inter)nacional são excelentes oportunidades para você, dear reader, revisar palavras antigas ou aprender palavras novas, bem como seus outros possíveis significados. É o caso das vitrines (shopping windows, em inglês) ou fachadas em que estão escritos verbetes como off, sale e outlet, dentre outras ‘novidades’ das antigas. Há ainda produtos com nomes (e até instruções) em língua inglesa, como é o caso das bonecas Barbie (forma curta de ‘Barbara’), dos carrinhos Hot Wheels e das gomas de mascar Trident, ou dos smartphones, dos jeans e de uma grande variedade de produtos e serviços (e respectivos preços) inimagináveis. Uma vez tendo produtos e serviços de comprovada excelência ao alcance das mãos, você pode aproveitar também para adquirir (ou manter) um inglês de melhor qualidade e, dependendo das negociações e do seu grau de interesse, por um valor relativamente baixo. Quem sabe até mesmo free (ou seja, de graça), bastando para tanto dizer um singelo “I’m just looking, thanks!” para a salesperson – que, aliás, em português, equivale ao nosso vendedor ou à nossa vendedora do dia a dia. P.S.: É a velha história… Quem presta atenção aos detalhes aprende mais, e pode economizar!
Via | JERRY T. MILL é presidente da Associação Livre de Cultura Anglo-Americana (ALCAA), membro-fundador da ARL (Academia Rondonopolitana de Letras) e associado honorário do Rotary Club de Rondonópolis.
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