O concurso da Segurança Pública de Mato Grosso, com supostas irregularidade, teria tido a prova vazada mais de um mês antes da sua aplicação. A denúncia foi feita nessa terça-feira (22) por um dos candidatos ao cargo de soldado da Polícia Militar, que disse ter encontrado o caderno de provas na internet, disponibilizado desde o dia 11 de janeiro.

Em checagem, a reportagem compararam o caderno de prova aplicado no dia 20 de fevereiro e constataram que seu conteúdo é 100% compatível.

Todas as questões aplicadas no dia do concurso são idênticas as que estavam abrigadas no portal de concursos da Universidade Federal de Mato Grosso (UFMT), a organizadora do certame.

Caderno de prova 'vazado' — Foto: Divulgação

Caderno de prova ‘vazado’ — Foto: Divulgação

O denunciante, que preferiu não se identificar e não registrar boletim de ocorrência para também se preservar, entregou as supostas provas à Comissão de Segurança da Assembleia Legislativa, que deve acionar o Ministério Público Estadual e o governo do estado para que providências sejam tomadas.

Questões das provas eram idênticas às da aplicada — Foto: Reprodução

Questões das provas eram idênticas às da aplicada — Foto: Reprodução

Prova aplicada no domingo (23) — Foto: Reprodução

Prova aplicada no domingo (23) — Foto: Reprodução

Mesmo antes da denúncia de vazamento da prova, o concurso já era alvo de pedido de anulação.

A polêmica, que já vinha se desenrolando, tomou grandes proporções após deputados estaduais pedirem providências aos secretários de Segurança Pública e Casa Civil, Alexandre Bustamante e Mauro Carvalho, respectivamente.

A UFMT disse que está checando a situação e que vai se posicionar quando tiver resposta.

O presidente da Comissão de Direito Administrativo da OAB-MT, Thiago França, afirmou que a partir da comprovação das denúncias, há a possibilidade de que o governo do estado anule o concurso ou ainda que a própria UFMT resolva anular o certame. Neste caso, porém, cabe à universidade arcar tanto com os custos relativos a uma nova aplicação das provas quanto a possíveis indenizações.

Mais de 30 denúncias de irregularidades

Somente nessa segunda-feira (21), mais de 30 denúncias de irregularidades na realização do concurso haviam sido recebidas pela ouvidoria do Ministério Público Estadual. O certame foi realizado em oito municípios do estado.

Os vídeos que circulam na internet e mostram as provas do último concurso da Segurança Pública de Mato Grosso, no domingo (20), serão investigados pelo MPE.

As imagens trazem links com as provas do concurso com questões resolvidas e disponibilizadas na íntegra.

Em outro vídeo, aparece um caderno de provas com as resoluções. No entanto, o candidato não poderia levar o caderno ou filmar as respostas, já que o uso de aparelhos eletrônicos era proibido, segundo o edital.

Concurso pode ser anulado

A deputada Janaina Riva (MDB) solicitou a anulação do certame e aplicação de novas provas, e Elizeu Nascimento (PL) fez um pedido de investigação formal. Ambos os parlamentares elencaram sete fatos que precisam de apuração:

  • Pagamento realizado sem identificação no sistema, incorrendo na exclusão indevida do candidato na lista de divulgação do local de prova;
  • Candidato que efetuou pagamento e não foi permitido realizar a prova, sob a justificativa de limitação de idade;
  • Problema de identificação de candidatos na prova (ausência de coletor de digitais);
  • Uso de equipamentos eletrônicos em sala e no banheiro;
  • Inexistência de fiscalização para o porte indevido de equipamentos eletrônicos;
  • Prisão de um cidadão na cidade de Cáceres por suspeita de estar realizando a prova no lugar de candidato inscrito;
  • Fotos circulando nas redes sociais de imagens da sala de aula.

O concurso

As provas do concurso público das forças de segurança de Mato Grosso foram realizadas nesse domingo (20). Ao todo, 66 mil pessoas estavam inscritas.

O concurso, que foi prometido pelo estado desde 2016, foi realizado para formação de cadastro de reserva. Entretanto, o governo promete chamar 1.200 classificados ainda em 2022.

Os cargos de escrivão e investigador da Polícia Civil foram os mais procurados pelos “concurseiros”. Dos 66 mil inscritos, foram quase 34 mil somente na instituição.

Via | G1
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