As tragédias em Mariana, a 110 km de Belo Horizonte, e Brumadinho, na Grande BH, fizeram com que o estado de Minas Gerais ficasse marcado pela lama.

Em novembro de 2015, 19 pessoas morreram após o rompimento da barragem de Fundão, da mineradora Samarco. Pouco mais de três anos depois, outro desastre, dessa vez com uma estrutura da Vale, tirou a vida de 270 pessoas. Nesses três anos desde o último rompimento, em Brumadinho, pessoas que moram nas intermediações dessas estruturas vivem com medo. E outros dois acontecimentos em janeiro deste ano intensificaram ainda mais o receio na população. Um deles foi em Nova Lima, na região metropolitana, quando um dique de contenção de água da Mina de Pau Branco transbordou e inundou a BR-040 no dia 8 de janeiro. A estrutura pertence à mineradora Vallourec, que foi multada em R$ 288 milhões pelos danos ambientais causados. A via ficou interditada por 48 horas após ser atingida. Três dias depois, a cena se repetiu em São Sebastião das Águas Claras, distrito conhecido como Macacos, na Grande BH. Um muro de concreto, construído pela mineradora Vale para conter o rejeito que pode se espalhar em eventual rompimento da barragem, represou um grande volume de água durante as fortes chuvas que caíram sobre a cidade. O local foi inundado. Esse tipo de muro foi construído também em Itabirito, a 57 km de Belo Horizonte, e em Barão de Cocais, a 90 km da capital. Os moradores denunciam que ele se tornou um problema, já que acabou impedindo que a água escoasse. “Tivemos neste ano uma enchente ao reverso. A água veio enchendo o contrário do rio. Todos nós ficamos apreensivos porque, com aquela chuva, poderia arrebentar a contenção. E o que seria uma coisa para ajudar poderia se tornar algo muito pior, principalmente para quem mora embaixo”, diz o líder comunitário José Paulo Fontes. A comunidade de Macacos está em alerta desde fevereiro de 2019, menos de um mês após a tragédia em Brumadinho. O alarme soou, e uma vistoria nas barragens B3 e B4 da Mina Mar Azul, da Vale, constatou que havia risco nas estruturas. Ao todo, 118 famílias foram retiradas de casa. Barragens em Minas Na última semana, depois de analisarem 31 barragens, o Ministério Público de Minas Gerais e a Fundação Estadual do Meio Ambiente decidiram que 18 estruturas, todas da Vale, vão ter que passar por algum tipo de intervenção. A mineradora tem até o fim do mês para apresentar relatório com medidas para diminuir e corrigir os problemas. Após a tragédia de Brumadinho, Minas Gerais aprovou a lei “Mar de Lama Nunca Mais”, que previa o descomissionamento das barragens a montante, o mesmo tipo das estruturas que se romperam no estado, até fevereiro deste ano. A ANM (Agência Nacional de Mineração) prorrogou esse prazo para 2025 e 2027. O Congresso Nacional fez valer a lei mineira, com um porém. Se não houver possibilidades técnicas, esse prazo pode ser prorrogado. A Vale, por exemplo, afirmou que vai descomissionar todas as barragens em 2035. Das 54 barragens a montante monitoradas pela Fundação Estadual do Meio Ambiente, cinco foram descaracterizadas. Outras sete prometem terminar o processo até 25 de fevereiro, quando vence o prazo da lei, mas 42 já avisaram que não vão cumprir a determinação e 12 não souberam definir uma data para a descaracterização. Em nota, a Vale afirma que ações preventivas, corretivas e de monitoramento das barragens têm sido intensificadas, permitindo o aumento da segurança até que as etapas preparatórias e de engenharia para a descaracterização sejam concluídas. A empresa ainda ressalta que os projetos estão com ações em andamento e são acompanhados pelos órgãos reguladores. Tragédia de Brumadinho O rompimento da barragem de Brumadinho completou três anos nesta terça-feira (25). As 270 vítimas foram homenageadas na cidade. Dessas pessoas, seis ainda não foram identificadas. A lama de rejeitos cobriu uma área de 3 milhões de metros quadrados, o equivalente a 420 campos de futebol.
Via | R7
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