Um médico perdeu a paciência durante o expediente de uma unidade de saúde referência em atendimento para a Covid-19, em Alta Floresta, após ouvir um paciente ofendendo outros profissionais de saúde do local devido à demora no atendimento, nessa quinta-feira (20).

Um vídeo gravado por pessoas que aguardavam atendimento mostra o momento em que o médico vai para a parte externa da unidade de saúde e pede paciência aos pacientes, afirmando que os profissionais também estão sobrecarregados.

“Por favor, tenham um pouco de paciência que nós também estamos ferrados ali dentro. Ninguém pediu para aglomerar, pelo amor de Deus. Agora vocês têm que ter paciência para esperar aqui fora, pois a gente já não sabe o que fazer”, diz em trecho do vídeo.

O médico continua o desabafo perguntando se alguém tem alguma sugestão para acelerar os atendimentos, pois os profissionais já fizeram de tudo para tentar atender a demanda.

“Se vocês não colaborarem e pararem de ficar ligando para vereador, prefeito, ‘pros quintos dos infernos’, a gente não vai conseguir dar o atendimento. Quero pedir para que todo mundo entenda que vai demorar o atendimento. Alguém quer perguntar alguma coisa? Alguém quer sugerir alguma coisa? Precisa de mais alguma coisa?”, questiona.

Luiz Vagner Golembiouski contou que a unidade de saúde tem recebido uma demanda de pacientes acima do normal nas últimas semanas e que isso tem sobrecarregado a todos, pacientes e profissionais de saúde.

Segundo ele, nessa quinta-feira, uma das pessoas que aguardavam no local ficou irritada pela demora e passou a deferir palavras de baixo calão aos profissionais da recepção, técnicos e equipes de enfermagem.

“Naquele momento, eu estava passando no corredor e ouvi, então acabei me exaltando devido à situação. Essa é uma questão comportamental do ser humano, de não ter paciência para esperar. Quando aumenta a demanda de pacientes, consequentemente, aumenta o tempo de espera”, explicou.

Luiz Vagner afirmou que não há falta de insumos e medicamentos no local e que a equipe de trabalho foi ampliada. O problema, segundo ele, é que o número de pessoas que têm buscado atendimento médico subiu consideravelmente.

Ele disse que acredita que essa nova onda de infecções pela Covid-19 é reflexo das festividades de fim de ano.

“Está todo mundo trabalhando dobrado para tentar atender a demanda, tentar atender todos com o mínimo de qualidade, então não adianta as pessoas chegarem aqui gritando, porque todos vão ter que esperar, ninguém é melhor que ninguém” ressaltou.

Como é feito o atendimento

O médico contou que a equipe precisou mudar a forma de trabalhar na unidade de saúde por causa da alta demanda.

“Antes, era feita a triagem, a consulta com o médico e depois era encaminhado para o exame, mas isso acumulava pacientes no corredor. Agora, o paciente passa pela triagem, realiza o exame e só depois passa pelo médico já com o resultado”, disse.

Ele explicou que cada paciente tem um tempo de triagem e teste de aproximadamente 10 minutos. Alguns pacientes mais graves em observação por cerca de 6 horas para exames complementares e aplicação de medicamentos.

Os atendimentos são feitos por ordem de chegada, com exceção dos pacientes graves. Esses, segundo o médico, têm prioridade no atendimento.

Novo decreto

Para tentar conter o avanço da Covid-19 no município, o prefeito Valdemar Gamba publicou um novo decreto nesta semana determinando o toque de recolher, entre 0h e 5h, e limitando a capacidade de atendimento de todos os estabelecimentos comerciais em 50%.

O mais recente boletim divulgado pela prefeitura aponta 220 casos ativos e 146 suspeitos. Dos 10 leitos de UTI disponíveis na cidade, quatro estão ocupados.

Bares, lanchonetes, restaurantes e congêneres também deverão adotar protocolo de contingência limitado a 50% da capacidade do local.

O decreto proíbe também atividades em casas de shows, espetáculos, boates, shows e congêneres. Música ao vivo em bares e restaurantes segue liberada, mas será vedada a cobrança de ingresso.

Via | G1
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