As fake news e os memes contra políticos e outras autoridades, investigada na Operação Fake News, eram criados por servidores na própria prefeitura de Cuiabá, segundo o delegado Ruy Guilherme Peral da Silva, da Delegacia Especializadas de Repressão a Crimes Informáticos (DCI).

Segundo o delegado, uma das pessoas que estariam divulgando essas notícias falsas estaria trabalhando no setor de marketing da prefeitura. A suspeita é de que a divulgação era feita através dos computadores do executivo, no horário de expediente.

Entre as fake news, estava a notícia de que o governador de Mato Grosso, Mauro Mendes, juntamente com o secretário-chefe da Casa Civil Mauro Carvalho, a primeira-dama, Virgínia Mendes, delegado-geral da Polícia Civil, outros delegados, comandante-geral da Polícia Militar e outros oficiais estariam fazendo a gravação clandestina de parlamentares.

A partir daí, a investigação levou a polícia até Popó Pinheiro.

Também foi disseminada a informação de que a primeira-dama do estado, Virgínia Mendes, teria contratado um detetive particular para investigar e acabar com a reputação de um jornalista.

A operação

A Delegacia Especializada de Repressão a Crimes Informáticos (DRCI), deflagrou nesta terça-feira (14), a Operação Fake News, para desarticular possível associação criminosa envolvida em crimes de calúnia, difamação, injúria, perseguição e falsa identidade contra empresários, servidores e agentes públicos de Mato Grosso. Três pessoas são suspeitas de envolvimento, entre eles, o irmão do prefeito de Cuiabá, Emanuel Pinheiro (MDB), Marco Polo Pinheiro.

Foram cumpridos seis mandados de busca e apreensão domiciliares em Cuiabá, com alvo em três investigados: Marco Polo Pinheiro (Popó), irmão do prefeito Emanuel Pinheiro, o servidor da Comunicação da Prefeitura de Cuiabá Luiz Augusto Vieira da Silva (Guto) e William Sidney de Moraes, funcionário da secretaria de saúde.

O servidor da Secretaria da Saúde já é condenado por furtos a agências bancárias.

Irmão de prefeito de Cuiabá e dois servidores são alvos de operação contra fake news — Foto: PJC MT

Irmão de prefeito de Cuiabá e dois servidores são alvos de operação contra fake news — Foto: PJC MT

Por meio de nota, a defesa de Popó Pinheiro informou que o empresário se propôs a comparecer perante a Justiça para esclarecer os fatos, entregando voluntariamente seu aparelho celular, caso necessário.

Ele também informou que a sua empresa de pesquisas encontra-se neste momento fechada. Mas o empresário se propõe a levar policiais até lá caso queiram investigar o local.

As investigações identificaram o modus operandi de três suspeitos envolvidos na realização de ataques ofensivos ou propagar fakes news, aparentemente previamente ajustados, com as suas identidades expostas ou veladas (por meio de números cadastrados fraudulentamente em nome de terceiros), através das redes sociais divulgando montagens de fotografias e vídeos.

A natureza falsa da notícia foi devidamente provada após a realização de minuciosa perícia no Palácio Paiaguás pela Politec e demais elementos colhidos nos autos da investigação.

Nesse mesmo contexto da divulgação da fake news da gravação/captação clandestina, visa-se colher elementos informativos sobre a indevida e prematura atribuição de autoria de contratação de detetive particular pela primeira-dama do estado e pelo governador para fins investigar e acabar com a reputação de um jornalista.

O cumprimento dos mandados conta com apoio das equipes da Gerência de Combate ao Crimes Organizado (GCCO), Delegacia Especializada de Combate a Corrupção (Deccor) e Delegacia Especializada de Crimes Fazendários (Defaz), sob a coordenação da DRCI.

Alvos da operação

A operação tem como alvo três homens, sendo que dois deles há pelo menos um ano têm divulgado, de modo reiterado, falsas notícias e conteúdo de caráter criminoso contra as pessoas públicas citadas.

Os indícios de autoria de produção e da pulverização da fake news, ante os dados técnicos coletados durante a investigação policial, recaem sobre um dos investigados, de 55 anos, o qual figura como suspeito em pelo menos três inquéritos policiais. Há suspeita de que o conteúdo ofensivo e fake news foram divulgados durante horário de expediente.

Segundo o delegado da DRCI, Ruy Peral, dentre os investigados, também está um homem de 37 anos de idade, de alta periculosidade, condenado à pena de 16 anos e 11 meses de prisão por ser um dos líderes de “quadrilha” que praticou furtos qualificados contra bancos nos Estados de MT, GO e TO.

“Atualmente ele é funcionário contratado da Secretária Municipal de Saúde e figura como suspeito de praticar delitos de roubo majorado, extorsão, ameaça, calúnia, difamação e injúria. É temerário que um indivíduo de tal periculosidade e que ainda cumpre pena no regime semiaberto seja integrante da possível associação criminosa investigada”, disse o delegado.

Penas previstas

Com a entrada em vigor da Lei nº 13.964/19 – Pacote Anticrime, os crimes contra a honra praticados ou divulgados pelas redes sociais terão a pena triplicada.

Além disso, há hipóteses de somatório de penas com outros delitos praticados no mesmo contexto. Sendo que os investigados podem ser condenados, no presente caso a penas que ultrapassam dez anos de prisão.

Via | G1
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