Elizeth disse que falou tudo o que sabia sobre o tema em depoimentos ao Ministério Público e Polícia Civil e colaborou com as provas.
“É claro que eles iriam jogar nas costas dos secretários. Tem sido isso durante toda a gestão. Da minha parte como gestora, promovi o planejamento e protocolei o processo para o seletivo publico. Somente com o processo seletivo e concurso é que enfrentamos essa situação, para dar transparência nos atos públicos de contratação de pessoal”, disse.
As irregularidades encontradas na SMS resultaram na operação ‘Capistrum’, realizada pelo Ministério Público e pela Polícia Civil, na terça-feira (19). Na ocasião, o prefeito Emanuel Pinheiro (MDB) foi afastado do cargo e o chefe de gabinete da prefeitura, Antônio Monreal Neto, foi preso temporariamente.
Em nota, Emanuel disse que recebeu com surpresa a decisão que determinou o afastamento dele. A defesa dele ainda analisa o processo para recorrer.
Durante depoimento, Huark revelou que, sem necessidade, a secretaria elevou consideravelmente o número de servidores contratados em cargos comissionados.
A lista
A lista mostra que alguns vereadores e deputados foram responsáveis por indicações de servidores para a Saúde, à época.
O então vereador Dr. Xavier indicou pelo menos 22 pessoas, conforme s lista. Adevair Cabral (PTB) listou mais 13 pessoas. Juntos, os vereadores Diego Guimarães (Cidadania), Mario Nadaf (PV), Marcrean Santos (PP) e Renivaldo Nascimento (PSDB) fizeram outras 6 indicações.
Os ex-vereadores, que atualmente não ocupam nenhum cargo eletivo, também encaminharam nomes à secretaria, são eles: Toninho de Souza, Ricardo Saad, Justino Malheiros, Vinicius Higueney, além do secretário municipal de Fazenda, Antonio Possas de Carvalho, e o secretário de Planejamento, Jesus Lange Adrien Neto, conhecido como Zito.
A Câmara de Cuiabá ainda não se manifestou sobre o documento envolvendo os vereadores.
O documento aponta ainda que o deputado estadual Elizeu Nascimento (PSL), à época vereador, indicou oito pessoas para trabalhar secretaria. Além dele, os deputados Eduardo Botelho (DEM), Allan Kardec (PDT), Paulo Araújo (PP) e Sebastião Rezende (PSC) fizeram indicações.
Em nota, Elizeu Nascimento (PSL) disse que as indicações são práticas comuns em todas as esferas de governo e que, nesse caso, não há documento oficial que prove indicações para a Saúde em seu nome.
O documento mostra também que havia uma ‘lista de prioridade’, com os nomes dos servidores que deveriam ser contratados primeiros.
Huark disse que durante o período de sua gestão, a Secretaria de Saúde de Cuiabá teria contratado mais de 250 servidores temporários, cuja contratação, em sua maioria, teria sido realizada para atender interesses políticos do prefeito e que o próprio Emanuel Pinheiro teria dito ao secretário que as referidas contratações seriam um ‘canhão politico’, que eram levadas a cabo por indicação política, principalmente de vereadores, e visavam retribuir ou comprar apoio político.
Operação Capistrum
Na operação deflagrada nesta terça pelo Ministério Público e pela Polícia Civil, foram cumpridos mandados de busca e apreensão e sequestro de bens contra o prefeito de Cuiabá, Emanuel Pinheiro, e a mulher dele, Márcia Aparecida Kuhn Pinheiro.
Além do prefeito, são alvos da operação a secretária-adjunta de Governo e Assuntos Estratégicos, Ivone de Souza e o chefe de gabinete, Antônio Monreal Neto. Todos foram afastados de suas funções, e o chefe de gabinete foi preso temporariamente. Os pedidos de busca e apreensão e de sequestro de bens também atingem o ex-coordenador de Gestão de Pessoas da prefeitura, Ricardo Aparecido Ribeiro.
Segundo o Ministério Público Estadual (MPE), as medidas foram solicitadas de forma cautelar após investigações apontarem indícios de ilegalidades na Secretaria Municipal de Saúde.