Antônio Rogério Assunção da Costa Stefan, de 43 anos, tinha o transplante de pâncreas e rim marcado para a tarde dessa sexta (15), em Curitiba (PR)

Aguardando por um transplante de pâncreas e rim desde 2019, o advogado Antônio Rogério Assunção da Costa Stefan, de 43 anos, de Cuiabá, se animou quando recebeu a tão esperada ligação avisando que a cirurgia poderia ser realizada na tarde dessa sexta (15), em Curitiba (PR). No entanto, uma forte tempestade interrompeu a viagem.

Como não conseguiu comparecer a tempo para o transplante, que havia sido marcado para às 14h, Antônio voltou para a fila, onde continuará aguardando por uma chance de receber os órgãos.

Ele e a esposa, Jeanne Rachel de Oliveira Silva, faziam a viagem para Curitiba (PR), em uma aeronave do Centro Integrado de Operações Aéreas (Ciopaer) da Secretaria Estadual de Segurança Pública (Sesp-MT).

O advogado possui diabetes tipo 1 desde os seis anos. Por causa da doença, ele perdeu a visão do olho direito e também a função renal, precisando passar por sessões de hemodiálise.

Antônio desabafa que é impossível dizer que não está triste com a situação.

“É muito frustrante, tinha esperança de fazer o transplante para ter uma nova chance de vida. Estou bem, mas não tem como falar que não fiquei triste. Agora não temos previsão, o telefone pode tocar agora ou demorar mais”.

Jeanne também lembra do sentimento de frustração ao ouvir o piloto mostrar o painel de operações do avião e explicar que todos os aeroportos haviam sido fechados por conta do mau tempo.

“É uma quebra de expectativa muito grande, é frustrante pensar. Mas desde o início entreguei para a Deus e pedi que sua vontade fosse feita. O piloto ainda tentou saber se dava para sobrevoar mais baixo, mas era perigoso”, explica a esposa do advogado.

Na madrugada deste sábado (16), após não conseguirem chegar a tempo para o transplante, Jeanne precisou levar o marido para o hospital por conta de fortes dores na perna.

“Ele usa adesivo anestésico e toma comprimidos de morfina, mas estava com muita dor. Ele não quis almoçar e jantar ontem, ficou sem apetite. Hoje acordou passando mal, conseguiu se alimentar mas vomitou. É uma situação bem delicada”, lamenta Jeanne.

Sem previsão de novo transplante

Com a voz embargada e tentando segurar as lágrimas, ela se emociona ao falar sobre a impossibilidade de prever quando Antônio terá outra chance de ser transplantado.

Ela afirma não ter como pensar que o desfecho poderia ter sido diferente caso eles tivessem saído mais cedo e tentado viajar de carro de Presidente Prudente (SP) para Curitiba.

“Esquecendo a parte religiosa, que é o que nos fortalece, pensamos que se tivéssemos saído mais cedo teríamos condições de pegar um carro e ir, porque seriam cinco horas. Talvez desse tempo”, desabafa.

Como o transplante de pâncreas não pode ser feito por um doador de órgãos vivo, Jeanne explica que a cirurgia para o marido é ainda mais imprevisível.

“O enfermeiro ligou às 3h, na madrugada de sexta, tínhamos que chegar em Curitiba às 14h. É tudo muito rápido”, conta.

Rifa de carro

Em setembro deste ano, Jeanne rifou o próprio carro para custear as despesas do plano de saúde e do tratamento do marido. O plano era vender 999 bilhetes por R$ 30 cada.

Antônio precisa passar por sessões de hemodiálise quatro vezes na semana. Por conta do quadro de saúde, ele também desenvolveu uma miosite, inflamação dos músculos que causa enfraquecimento e dor.

Via | G1
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