Com seu colorido, que remete às tradições e festas locais, a artista plástica Albina de Oliveira, usa a pintura para expressar seu fascínio diante do mundo, perante as emoções contidas nas coisas e, assim, vai deixando sua marca no cenário cultural, nos ajudando a enxergar o cotidiano de forma mais alegre e cheia de sentimentos. Seu acervo conta com mais de 70 obras, sem mencionar as que já foram vendidas ou presenteadas.

Albina é uma artista de destaque na arte denominada naïf, que tem como abordagem a simplificação dos elementos de uma forma inocente e espontânea, geralmente produzida por autodidatas. O resultado final costuma exibir grande quantidade de cores, explorando temas cotidianos e culturais.

E neste sentido, nota-se que a inerência artística acompanha Albina desde a infância. “Antes mesmo de ir à escola desenhava vaquinhas e boizinhos, sem que ninguém tivesse me ensinado. Frequentando uma escola de freiras, logo me interessei pelos desenhos e enquanto a professora falava, eu me distraia fazendo florzinhas no caderno. Quando fui para Corumbá, estudei no Colégio Imaculada Conceição e aí sim, com as aulas de desenho, tinha um estímulo, pois havia um caderno que apresentávamos na escola”, lembra dona Albina.

Os desenhos ficaram em segundo plano quando ela se casou. Depois de viúva decidiu entrar para a faculdade de psicologia e, mesmo não sendo esse o objetivo, foi ali que as manifestações artísticas desabrocharam. Autodidata, se encontrou nas pinturas, nas poesias e nos contos. “Pintava no papel, nos cadernos e passei para os quadrinhos. Cheguei até a vender estes quadrinhos”, lembra. Albina freqüentou apenas dois meses de aula de pintura, depois parou e continuou se desenvolvendo sozinha.

Sua grande influenciadora foi a mãe, Osvaldina dos Santos, artista renomada que já vendia quadros para a China, Alemanha e outros países e foi seu grande exemplo. Osvaldina sofreu um acidente vascular cerebral e acabou indo morar com a filha. Certo dia pediu à Albina que a levasse à Galeria N’Arts, da artista plástica Heleninha Botelho.

Em conversa amistosa, Albina soube que estava havendo um Salão de Artes em que, na ocasião, sua mãe seria homenageada. “Heleninha sugeriu que eu me inscrevesse, fiquei um pouco tímida, pois nunca tinha participado de um salão. Mas, me inscrevi e fui selecionada. A recepção foi uma grande festa na Secretaria de Cultura, com coquetel, muita gente, imprensa”, conta ela.

Sua mãe Osvaldina tinha gosto pelas coisas mato-grossenses, sempre traduzindo sua inspiração nas telas. Participou de várias edições do Salão Jovem Arte Mato-grossense, com premiações em 1982 e 1984. Assim como, foi participante de inúmeros Salões de Artes Plásticas no Estado. No Salão Jovem Arte Mato-grossense, conquistou premiação com a tela “São Benedito”, o santo cuiabano milagroso. De “aluna” do Ateliê Livre da FCMT, a artista passou a ser orientadora e lá trabalhou por quase 20 anos.

Apesar de orgulhar-se de todo o histórico familiar, Albina também almejava ter sua arte reconhecida por si só. Por isso, imaginando que suas obras estavam sendo selecionadas em razão da influência de sua mãe, decidiu participar de salões fora de Mato Grosso. “Precisava acreditar no meu potencial. Me empolguei e comecei a participar dos eventos do SESC Piracicaba, em São Paulo, no grande Centro de Pintura Naïf”, diz.

Com inspiração nos elementos da flora, da fauna e do folclore cuiabano, bem como, com a afetividade de coisas que aconteceram e que surgem na vida, ela acredita em estímulos divinos. “Têm dias que eu fico pensando no que fazer. Aí durmo e acordo com a vontade de fazer algo e vou fazendo. Até com os contos acontecem dessa forma. Tenho muitas poesias, mas agora que estou catalogando, estou arrumando as poesias de outrora para escrever um livro”, acrescenta.

Mesmo com problemas de locomoção, que se desencadearam depois de uma queda em casa, ela nunca parou de pintar e continua participando dos salões, que estão sendo realizados online, em razão da pandemia. Albina faz questão ainda de sempre frisar as conquistas de sua querida mãe, que além dos prêmios mencionados, tem diversos outros em seu currículo que merecem destaque.

Biografia de dona Albina:

Albina Oliveira nasceu em Cuiabá (MT), e dedica-se à pintura desde 1998. Foi orientada pelo artista plástico Benedito Silva e já participou de vários eventos, como a Bienal Naïfs do Brasil, em Piracicaba. A exemplo da mãe, segue expressando em telas e contos o amor pela arte e cultura mato-grossense.

Via | Assessoria
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