Iniciativa resgata autoestima dos alunos, por meio do ensino e também de ações solidárias diversas
A última vez que seu Fernando Assunção Miranda esteve em uma sala de aula foi em 1964. Ele tinha 11 anos de idade e interrompeu os estudos porque a professora era muito rígida e, naquela época, a palmatória era aplicada nos alunos que errassem as questões. Aos 65 anos, ele teve uma nova oportunidade, por meio do projeto SoleTRE, desenvolvido pelo Tribunal Regional Eleitoral de Mato Grosso (TRE-MT), e hoje, com 68 anos, já sabe ler e escrever. O convite para estudar foi feito pelo TRE-MT em 2019, quando as aulas ocorriam de forma presencial. Em função da pandemia da Covid-19, o ensino passou a ser feito virtualmente, por videochamadas. Para não interromper novamente os estudos, seu Fernando conseguiu, também por meio do SoleTRE, a doação de um celular smartphone, pois antes só possuía um aparelho simples, que não permitia o uso da tecnologia necessária para assistir as aulas online. “Foi muito bom para mim. Já escrevo, consigo ler, estou fazendo contas, tenho força de vontade. Nem meu nome sabia fazer, mas o pessoal do TRE-MT me levou para fazer o título novo, e nele não sou mais analfabeto, já assinei meu nome completo. Agora vou votar com mais consciência e segurança. Me sinto mais independente, e quero ajudar outras pessoas que não sabem ler e escrever também, compartilhando o que eu aprendo”, ressalta seu Fernando, que é aposentado. Para garantir a efetividade do aprendizado, a iniciativa passou a ir além dos livros didáticos e, com a ajuda de parceiros, propiciou a seu Fernando uma cirurgia para curar a catarata no olho direito. “Agradeço muito pela cirurgia, vou fazer no olho esquerdo também, mas já melhorou muito minha visão, principalmente na hora de estudar, para eu conseguir ler e escrever. Já peguei muitos ônibus errados, agora eu não erro mais”, conta ele, satisfeito. O SoleTRE é um projeto de alfabetização solidária para jovens, adultos e idosos, realizado pela Corregedoria Regional Eleitoral (CGE) do TRE-MT, com o objetivo de promover a inclusão social, despertar a cidadania e reduzir o quantitativo de eleitores analfabetos no cadastro eleitoral. Na primeira edição, em 2019, 46 alunos concluíram o curso. A segunda edição, concluída em dezembro de 2020, teve a formatura de 55 estudantes. Já a terceira etapa, prevista para terminar em novembro de 2021, conta atualmente com 54 pessoas. Conforme as aulas passaram a ser realizadas, os professores e organizadores do projeto identificaram outras necessidades que acabavam dificultando o aprendizado, como a falta de condições financeiras, problemas de visão, entre outros. Dessa forma, o projeto buscou parcerias para oferecer exames com oftalmologistas, óculos de grau, cestas básicas e também passe de ônibus quando as aulas eram realizadas presencialmente. Todo o trabalho é feito de forma voluntária, com a participação de servidores da Justiça Eleitoral, além de outros órgãos das esferas municipal, estadual e federal, e da sociedade civil organizada. “É uma iniciativa que não se restringe à alfabetização, mas também envolve o resgate da autoestima dos alunos. Para a questão do voto, também é muito importante, porque eles se sentem integrados à sociedade e passam a buscar mais informações sobre os candidatos e, consequentemente, votam de forma mais consciente”, frisa a vice-presidente e corregedora do TRE-MT, desembargadora Nilza Maria Pôssas de Carvalho. Segundo a coordenadora do projeto, Sueli Shimada Leda, a maioria dos participantes é carente, por isso são feitos sorteios de cestas básicas e rifas. Todo o material é arrecadado por meio da doação dos voluntários envolvidos. Aqueles que se interessarem em participar do projeto, como voluntário ou aluno, podem entrar em contato pelo telefone (65) 3362 8095.
Via | Assessoria TRE-MT
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