Uma menina de 4 anos foi resgatada e devolvida à mãe, em Juara (MT), dois anos e oito meses após o pai ter fugido com ela para Recife (PE). Jucélia da Silva, de 34 anos, disse que entregou a filha, à época com 2 anos, ao pai antes do final de semana, porque ele alegou que levaria a criança para comprar roupas, no entanto, desde então, ela não teve mais notícias.

De acordo com a Defensoria Pública de Mato grosso, a menina foi localizada com o pai em um abrigo para moradores de rua, em Recife, no dia 2 deste mês. Ao dar entrada no local, a Polícia Civil identificou que havia um mandado de busca e apreensão em nome da menina e fez o resgate.

Até a mãe chegar, a menina foi levada para um abrigo para crianças, conforme requisição judicial.

“Foi a maior felicidade do mundo quando a defensora me avisou que ela estava lá em Recife e eu ia poder buscar minha filha. Nem acreditei, apesar de nunca ter perdido a esperança. Ela e a minha outra filha estão com ciúmes uma da outra, me disputando como mãe. Estou feliz e agora é cuidar dela”, declarou à Defensoria.

Segundo a Defensoria, agora a criança está em casa, se readaptando à família. Além da mãe, moram na casa o padrasto e uma irmã, de 6 anos, de outra união. A mãe disse que a filha está magra e agressiva.

Ela afirmou que buscará ajuda médica e psicológica para investigar o que a criança passou durante o tempo em que esteve longe de casa.

Disputa pela guarda

Jucélia morou por três meses com o pai da criança. Nesse período, ela ficou grávida, mas decidiu se separar, após descobrir que o marido batia na outra filha dela.

À Defensoria Pública, a mulher disse que sempre foi dona de casa e que o ex-marido trabalhava como caminhoneiro. Após o nascimento da filha, os dois disputaram a guarda na Justiça e, por um acordo, em março de 2018, ficou estabelecida a guarda compartilhada.

Conforme o acordo judicial, a mãe ficava com a filha durante a semana e o pai nos finais de semana.Desaparecimento

O desaparecimento da menina foi registrado em Sinop, no norte do estado, em janeiro de 2019, uma semana depois que o pai ‘sumiu’ com a filha. Ele buscou a menina durante a semana, fora do período combinado na Justiça, alegando que compraria roupas para a filha.

A Defensoria informou que, à época, entrou com um pedido de tutela provisória de urgência de busca e apreensão em favor da mãe. No mesmo dia, o juiz da Vara de Sucessões e Família de Sinop, Gleidson Barbosa, determinou que a criança fosse devolvida para a mãe, no entanto, a menina não foi localizada.

A defensora Carolina disse que Jucélia foi até o endereço do ex-marido, ligou para os telefones que tinha dele, mas as ligações iam para a caixa de mensagem. Um mês depois do desaparecimento, uma parente do suspeito contou à Jucélia que o ex dela estava em Rondônia.

Nesse período, a mãe disse que conseguiu falar com a filha, por telefone, com a ajuda da sobrinha do suspeito, sem que ele soubesse. No entanto, esse contato durou pouco. Ele teria se mudado novamente com a criança, época que Jucélia perdeu totalmente o contato com a filha. Posteriormente, ela ficou sabendo que o ex-companheiro tinha ido morar com a mãe dele, que o ajudava financeiramente. Mas, ela teria morrido e ele desapareceu novamente.

Busca pela Justiça

A decisão da busca e apreensão foi para o Juizado da Infância e Juventude. Em fevereiro de 2019, o órgão informou que já havia esgotado os recursos que tinha para localizar o pai da criança, sem cumprir a determinação. Desde então, o processo passou pelo Ministério Público, teve manifestação de dois outros defensores e de três juízes que buscaram a localização suspeito, por meio de dados da Receita Federal e de outras formas, também sem êxito.

No decorrer desse tempo, Jucélia se mudou para Juara, onde mora atualmente, se casou novamente, mas continuou a procura. No dia 25 de agosto, o delegado da Especializada em Crimes Contra Criança e Adolescente de Recife, Geraldo da Costa, encaminhou um e-mail para a Vara de Família de Sinop, informando a localização da criança e pedindo orientações sobre como proceder com ela.

O delegado afirmou que havia sido procurado pela gestora do abrigo para moradores de rua, Casa de Passagem Diagnóstico, que informava que o suspeito estava no local, com uma criança e que essa criança era procurada pela mãe há cerca de três anos. Ele recebeu o mandado e foi orientado a encaminhar a criança para um abrigo infantil.

O processo, requerido pela defensora em maio deste ano, foi remetido para a comarca de Juara no mesmo dia da comunicação do delegado.

Naquele dia, a defensora entrou em contato com a delegada de Recife para ter detalhes sobre a situação da criança e, logo depois, comunicou a mãe para ir buscá-la.

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