A música costuma ser citada por alunos e professores como uma fonte aparentemente miraculosa e inesgotável no processo de aprendizagem de línguas, em especial se ela for estrangeira, como ainda é o status do inglês em nosso país. No entanto, na maioria dos casos, percebemos que o contato com essa manifestação cultural que movimenta bilhões de dólares por ano na indústria do entretenimento raramente traz o resultado esperado. Isso se explica pelo fato de as pessoas interessadas em aprender o idioma bretão quase sempre preferirem se colocar numa posição passiva ao utilizá-la como parte do seu aprendizado, ou seja, apenas ouvem as canções em vez de (ao menos, tentar) cantá-las e copiá-las. Isso mesmo! Transcrevê-las para o papel, em vez de digitá-las ou, pior ainda, imprimi-las apenas. Outro fator negativo: as pessoas têm como prioridade saber a tradução da letra da música e não a pronúncia adequada das palavras de forma isolada ou em grupos (trechos ou linhas inteiras). O fato é que, pela sua duração e conteúdo, a música mostra-se muito mais acessível que o cinema, por exemplo (com seus filmes que podem durar mais de uma hora e meia), ou a televisão (com suas séries que por vezes têm episódios ou temporadas pouco inspiradas e inspiradoras). Além do mais, filmes e séries podem/precisam ter trilha sonora, e não o contrário… De modo similar, a televisão e a internet também se fartam com o poder da música. No caso da telinha, os programas musicais começaram a ser exibidos nos primórdios da TV no Brasil, nos anos 50, tendo como protagonistas os artistas do rádio. Com o passar do tempo, surgiram atrações como os programas de auditório e os festivais, que impulsionaram movimentos como a Jovem Guarda, o Tropicalismo e a Bossa Nova, bem como permitiram o surgimento de apresentadores de programas com quadros de calouros como Bolinha (1936-1998), Chacrinha (1917-1988), Raul Gil (1938-) e, claro, o quase centenário Silvio Santos (1930-). Depois deles, em meio ao processo de globalização, vieram canais musicais como a MTV (Music TeleVision) e o VH1 (Video Hits One), seguidos por programas musicais mais moderninhos, uma espécie de reality shows para anônimos e famosos, como Fama, PopStar, Ídolos, Canta Comigo e The Voice, dentre outros. Cada com um quê de diferente e original, bem como uma ou outra palavrinha da língua inglesa aqui e acolá. Então, quando se pensava que já tínhamos visto de tudo nesse tipo de atração na TV brasileira, eis que ficamos sabendo que, a partir de agosto, vai estar na tela da rede do plim-plim o programa The Masked Singer (ou TMS), talent show que surgiu na Coreia do Sul como King of Mask Singer (assim mesmo, em inglês!), fez enorme sucesso na sua versão na TV americana e agora chega à terra brasilis, tendo a canção Who Are You, da banda inglesa The Who, como tema de abertura. Por aqui, ele estará sob o comando da irreverente Ivete Sangalo e, nos bastidores, da segunda colocada do Big Brother Brasil 21, Camilla de Lucas. Além delas, estarão em ação quatro jurados: o humorista Eduardo Sterblitch, a cantora Simone Mendes, o ator Rodrigo Lombardi e a atriz Taís Araújo, mais os espectadores em casa e o público votante pela internet, claro. Caberá a eles avaliar o desempenho de cada candidato. Assim, durante nove episódios/dias, 12 famosos fantasiados da cabeça aos pés e máscaras faciais ocultando suas identidades vão participar deste reality musical como, em ordem alfabética: Arara, Astronauta, Boi-Bumbá, Brigadeiro, Coqueiro, Dogão, Gata Espelhada, Girassol, Jacaré, Monstro, Onça Pintada e Unicórnio – criações dos figurinistas e bonequeiros brasileiros Marco Lima e Fábio Namatame, que optaram por dar um toque de brasilidade aos figurinos. Algo que, convenhamos, se contrapõem a toda uma atmosfera anglo-americanizada que envolve mais essa produção televisiva, a começar pelo repertório de músicas/canções que deverão desfilar no palco. A maioria delas, como já é tradição em outros Brazilian TV programs, em inglês, babe! Uma oportunidade e tanto para você aprender algo mais do idioma… P.S.: Após as devidas apresentações e votações, quem receber menos pontos/votos é eliminado, devendo tirar a máscara e revelar sua identidade. Na final, o grande vencedor, ou a grande vencedora, receberá a Golden Mask, ou Máscara de Ouro. Via | VALÉRIA CRISTINA NEGRETTE DA NÓBREGA BUZATTI é pós-graduada em Ensino de Língua Inglesa (UFMT) e professora efetiva da rede municipal de ensino. JERRY T. MILL é presidente da Associação Livre de Cultura Anglo-Americana (ALCAA), membro-fundador da ARL (Academia Rondonopolitana de Letras) e associado honorário do Rotary Club de Rondonópolis.
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