A ex-secretária de Saúde de Cuiabá, Elizeth Lúcia de Araújo, afirmou que sofreu muita pressão, durante a sua gestão, para que fizesse vista grossa às possíveis fraudes que ocorriam na Pasta. Ela ainda avaliou que, em sua visão, o prefeito da Capital, Emanuel Pinheiro (MDB), sabia do que estava acontecendo. A posição de Elizeth, que ficou à frente da Saúde de Cuiabá entre 2017 e 2018, foi conhecida nessa segunda-feira (2), quando a ex-secretária prestou depoimento na Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) dos Medicamentos Vencidos, da Câmara de Cuiabá. Elizeth saiu em março de 2018, em meio a uma série de reclamações sobre a prestação do serviço nas unidades de saúde, além da falta de medicamentos. À CPI, Elizeth disse que empresários do setor teriam pressionado para sua saída, depois que ela barrou um procedimento de licitação que tinha indícios de direcionamento. Ela ainda lembrou que desde o início se posicionou contrária à terceirização da gestão dos medicamentos, que acabou sendo feita e passada à Norge Pharm, atual gestora do Centro de Distribuição de Medicamentos e Insumos de Cuiabá (CDMIC). “Durante o primeiro ano, eu posso dizer que o prefeito Emanuel tentou segurar e nos dar autonomia, mas as investidas externas, as ingerências vindas de vários locais eram muito grandes. Então, posso dizer que o prefeito não conseguiu cumprir com aquilo que me prometeu”, comentou, durante o depoimento. Entre os nomes citados na CPI estão o do atual secretário de Saúde, Célio Rodrigues, que foi afastado do cargo na última sexta-feira (30) por decisão judicial, e o de Milton Corrêa, secretário-adjunto da Pasta. Milton também foi denunciado na Operação Sangria, que resultou na exoneração do secretário Huark Douglas Corrêa, que assumiu a Saúde com a saída de Elizeth. Segundo Elizeth, Célio era diretor-financeiro da Saúde e foi um dos que insistiram para que a terceirização do gerenciamento do CDMIC acontecesse. Ela diz que, no entanto, após consultar um grupo de pessoas, foi informada dos indícios de direcionamento e mandou arquivar o processo, ainda em 2017. Já em relação aos medicamentos, a ex-secretária afirmou que as empresas que forneciam os remédios pressionavam para que fosse feita a compra de medicamentos que não eram a demanda da Secretaria de Saúde. O prefeito sabia? Durante a oitiva, Elizeth também citou, por diversas vezes, o prefeito Emanuel Pinheiro. Ela afirmou acreditar que Emanuel sabia do que se passava na Saúde. “Durante algum tempo, eu até acreditei que Emanuel não soubesse. Hoje acho difícil. Não acredito que o prefeito não sabia”, afirmou a ex-secretária, ao responder perguntas dos vereadores. Antes, em depoimento, Elizeth citou, por exemplo, o dia em que entregou o cargo a Emanuel. Segundo ela, após um evento de lançamento de obra, o prefeito pediu que ela seguisse com ele no carro para a Prefeitura, onde haveria uma reunião. No Palácio Alencastro, toda a equipe da Saúde estava presente e Emanuel teria apontado a necessidade de mudar alguns gestores. Elizeth disse que tentou argumentar, mas Emanuel teria afirmado que já sabia o que ela iria dizer. Outro lado Depois do depoimento da ex-secretária, Emanuel disse ser estranho que Elizeth nunca tenha procurado o Ministério Público para levar suas denúncias. Disse, ainda, que ficou impressionado com o depoimento de Elizeth, que “não deu conta de fazer mais”. “Agora, de forma ressentida, joga ilações para todo lado. Por que é que não tomou providências? Ela prevaricou então? […] Fiquei impressionado com a fala dela, pela falta de propósito, pela falta de comprovação nenhuma”, comentou, durante coletiva nesta terça-feira (3).
Via | RMT
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