Quem, como nós, gosta (e acompanha com certa assiduidade) sabe que, no vasto mundo do futebol, há e acontece um pouco de tudo. No caso específico das competições, elas podem ser amadoras ou profissionais, para crianças, jovens e adultos, nas modalidades masculina e feminina, e ser disputadas nas várzeas, quadras ou nas mais sofisticadas arenas. Elas costumam ocorrer entre times e seleções nas esferas municipal, estadual, nacional, internacional, intercontinental ou mundial. Como dito, no mundo do soccer ou do football, há de tudo e para todos os gostos. Dentre as centenas de certames que existem no planeta atualmente, fruto da propalada “evolução do futebol”, por exemplo, vamos destacar a Copa América (conhecida como Campeonato Sul-Americano de Futebol até 1975), pois a edição deste ano, a 47ª, segundo o que foi amplamente veiculado pela Imprensa, teve alguns imbróglios e surpresas. A começar pelo fato de que ela deveria ter sido realizada em 2020 em duas sedes, Colômbia e Argentina, mas, em meio a muitas controvérsias internas e externas, acabou sendo transferida para o Brasil. Além disso, as seleções da Austrália e do Catar desistiram de participar do evento por causa do agravamento da pandemia da covid-19 mundo afora. Competição mais antiga da América do Sul, perdendo em popularidade apenas para a Copa do Mundo e a Eurocopa, a Copa América é tradicionalmente um torneio quadrienal organizado pela Conmebol (Confederación Sudamericana de Fútbol) ou CSF (Confederação Sulamericana de Futebol), fundada em 1916, também responsável pela Libertadores e pela Recopa, cuja sede fica na cidade de Luque, no Paraguai. Este ano, apenas dez seleções participam da Copa, já que, há anos, os dirigentes da Guiana, Guiana Francesa e Suriname, embora estejam localizados na América do Sul, decidiram aderir à Concacaf (Confederation of North, Central American and Caribbean Association Football), também conhecida por estas bandas como Confederação de Futebol da América do Norte, Central e Caribe. Na edição deste estranhíssimo ano de 2021, além do fato de o SBT do empresário Silvio Santos ter vencido a Rede Globo quanto aos direitos de transmissão das partidas, um fato linguístico ficou muito evidente aos nossos olhos: as informações têm aparecido na tela em inglês, embora as seleções tenham o português (caso do Brasil, que já conquistou 9 títulos da Copa) e o espanhol (ou castelhano) como idioma oficial ou comum  – caso de, em ordem alfabética, Argentina (14 títulos), Bolívia (1 título), Chile (2 títulos), Colômbia (1 título), Equador (nenhum título), Paraguai (2 títulos), Peru (2 títulos), Uruguai (15 títulos) e Venezuela (nenhum título). A título de exemplificação, antes de rolar a bola, em meio ao protocolo a ser seguido em cada partida promovida pela entidade este ano, aparece a seguinte mensagem (em inglês, folks!): “Conmebol thanks the great heroes who are fighting against covid-19 on all fronts. Dream big.” Em bom português: “A Conmebol agradece aos grandes heróis que estão lutando contra a covid-19 em todas as frentes. Sonhe grande.” Vai dizer que você não percebeu isso, dear reader? Já no caso da arte que aparece nas transmissões televisivas, aparecem palavras ou expressões como line up (escalação), substitutes (reservas), corner kicks (escanteios), quarterfinals (quartas-de-final), fouls committed (faltas cometidas), halftime (primeiro tempo), offside check (verificação de impedimento), possession (posse) e full time (segundo tempo, fim de jogo). Nas placas de publicidade, estrategicamente postadas nas laterais do campo, aparecem estruturas linguísticas ligadas aos patrocinadores nacionais ou internacionais do evento: online, site, burger, Team Viewer (Connect People), smarTV, Cotton Deluxe, Easy, betfair.net e TCL (Watch The Best), dentre outros. Além disso, o próprio locutor (no Brasil), menciona estruturas como hashtag, (aperta o) play, app (forma curta de ‘application’) e, como não poderia deixar de ser, VAR (Video Assistant Referee) – o, às vezes, controverso “árbitro de vídeo”, como ele ficou conhecido no nosso país. Para arrematar, os uniformes dos jogadores e dos juízes trazem a identificação dos seus patrocinadores: caso da Nike na ‘amarelinha’ da Seleção Brasileira e da Marathon no uniforme dos árbitros de campo. É como bem dizia parte da mensagem de uma das placas de publicidade que visualizamos na lateral do campo de jogo durante uma das partidas: no mundo do futebol, todo es possible…  
 Via |
VALÉRIA CRISTINA NEGRETTE DA NÓBREGA BUZATTI é pós-graduada em Ensino de Língua Inglesa (UFMT) e professora efetiva da rede municipal de ensino.
JERRY T. MILL é Mestre em Estudos de Linguagem (UFMT), presidente da Associação Livre de Cultura Anglo-Americana (ALCAA), membro-fundador da ARL (Academia Rondonopolitana de Letras), associado honorário do Rotary Club de Rondonópolis e autor do livro Inglês de Fachada.
Print Friendly, PDF & Email
(Visited 1 times, 1 visits today)