Num documento enviado ao Supremo Tribunal Federal, a Polícia Federal afirmou ter provas contra o presidente afastado do Ibama, Eduardo Bim, na investigação que apura exportação de madeira ilegal.

O documento citou ainda fortes indícios contra o ministro Ricardo Salles.

A informação foi revelada pelo jornal “O Globo”. A Polícia Federal diz que crimes do presidente do Ibama, Eduardo Bim, estão “já configurados” e cita “fortes indícios” contra o ministro do Meio Ambiente, Ricardo Salles.

A conclusão dos investigadores está na representação apresentada pela PF ao ministro do Supremo Tribunal Federal Alexandre de Moraes para pedir autorização para medidas de busca e apreensão e quebras de sigilo contra os investigados, inclusive Ricardo Sallles, na Operação Akuanduba, que apura um suposto esquema montado para facilitar o contrabando de madeira ilegal para fora do país.

O presidente do Ibama, Eduardo Bim, que foi afastado do cargo, é acusado de assinar um despacho que permitiu a exportação de produtos florestais sem a autorização de exportação, um documento obrigatório, emitido pelo Ibama desde 2011.

Esse despacho de Eduardo Bim, assinado em fevereiro de 2020, já foi suspenso por Alexandre de Moraes.

No documento, a que a TV Globo também teve acesso, a polícia escreve que “a documentação e demais dados reunidos nos presentes autos lançam um pouco de luz nos fatos que antecederam e se seguiram à expedição desse ‘despacho interpretativo’ pelo sr. Eduardo Fortunato Bim e apontam, fortemente, para a possível existência de grave esquema de facilitação ao contrabando de produtos florestais, dentre outros crimes”.

“Mais que isso: da documentação, oitivas e demais documentos coligidos, extraem-se, a nosso ver, fortes suspeitas do envolvimento do sr. ministro do Meio Ambiente, Ricardo de Aquino Salles, autoridade com prerrogativa de foro perante essa corte, a exigir a atuação enérgica e eficaz dos órgãos que compõe o sistema de Justiça criminal, notadamente esse Supremo Tribunal Federal”.

Os investigadores da Polícia Federal analisaram as circunstâncias e os fatos que aconteceram antes e depois de Eduardo Bim assinar o despacho que liberou a exportação de madeira sem a autorização do Ibama, e chegaram à conclusão de que o presidente do Ibama se empenhou pessoalmente em atender o pedido das empresas madeireiras para legalizar a madeira apreendidas nos Estados Unidos.

De acordo com a PF, contra Eduardo Bim já estão configurados os crimes de facilitação de contrabando e de advocacia administrativa. Mas as investigações não param por aí.

Na representação, a PF também escreveu que “servidores que atuaram em prol das exportadoras foram beneficiados pelo ministro com nomeações para cargos mais altos, ao passo que servidores que se mantiveram firmes em suas posições técnicas, foram exonerados por ele”.

A PF registra ainda que parte das empresas envolvidas teve nestes últimos dois anos uma série de comunicações ao Coaf por operações suspeitas. Da mesma forma, pelo menos dois dos servidores investigados também apresentaram operações suspeitas. Segundo o documento, a polícia também identificou operações suspeitas, realizadas nos últimos dois anos, por intermédio do escritório de advocacia em que o ministro Ricardo Salles é sócio juntamente com a mãe dele.

O JN não teve retorno nem da assessoria do ministro Ricardo Salles nem da assessoria de Eduardo Bim.

Via | G1
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