O advogado Carlos Naves, que divulgou o áudio em que o assessor do deputado federal José Medeiros (Podemos), dias antes de morrer de Covid-19, responsabilizava o parlamentar e o presidente Jair Bolsonaro (sem partido) pela falta de vacina contra a doença registrou boletim de ocorrência por ameaça e diafamação, além de pedir proteção policial.

José Roberto Feltrin tinha 55 anos e morreu em decorrência do coronavírus na terça-feira (18), em Rondonópolis.

Antes de morrer, ele enviou um áudio para o amigo, Carlos Naves. O áudio foi confirmado pela família do trabalhador.

Por meio de nota, o deputado Medeiros afirmou que não vai comentar o caso.

Carlos contou que só divulgou o arquivo a pedido do próprio Feltrin, mas que em seguida, começou a receber ameaças.

“O José Roberto me mandou esses áudios e eu ainda tentei dizer que ia ficar tudo bem, que ele não iria morrer. Depois, ele me ligou e disse que se o pior acontecesse, era para eu divulgar o áudio. Foi o que eu fiz. No mesmo dia da divulgação, comecei a receber ameaças pelo WhatsApp, do número do assessor do Medeiros”, disse.

Carlos conta que era amigo de José Roberto há 25 anos.

“Foi uma perda irreparável. E quando ele mandou o áudio, sabia que podia não resistir, e que não havia nada que pudesse ser feito”, afirma.

No boletim de ocorrência, ele faz a denúncia contra o deputado José Medeiros, o seu assessor de imprensa Hevandro Soares e o jornalista Rodrigo Rodrigues.

Segundo Carlos, ele recebeu áudios com com ameaças de agressão física e palavras de baixo calão. O áudio foi gravado por Rodrigo Rodrigues logo após a fala de Feltrin se tornar pública. Já Medeiros teria afirmando na imprensa que o advogado ‘age por vingança’.

Segundo a família, o áudio de José Roberto foi encaminhado a um amigo dele, antes de ser internado para tratamento da doença. Após a morte, a mensagem foi divulgada e repercutiu nas redes sociais.

“Acho que não vou aguentar. Estou mal pra caramba. Estou mal, cara. A culpa é desse ‘capitão bunda suja’ que não comprou vacina pra nós. Esse Medeiros também é responsável por tudo que está acontecendo no país. Esse maldito. Ele também é responsável”, diz em trecho da mensagem.

Chorando e com dificuldade para respirar, Feltrin também relatou ao amigo que a saturação dele tinha caído e que estava com medo de morrer.

“Estou com medo. Um filme está passando na minha cabeça. Ele [Medeiros] vem apoiando esse governo genocida. Esse cara vem sabotando essas vacinas desde o início. Já era para ter vacina para todos, para o pessoal da minha idade, mas não tem, e ninguém faz nada nesse país. Um retardado desse Bolsonaro faz o que quer com o povo e ninguém faz nada. Não sei se escapo”, disse.

José Feltrin estava internado em uma Unidade de Terapia Intensiva (UTI) da Santa Casa de Rondonópolis, mas não resistiu às complicações e morreu.

Nas redes sociais, amigos e familiares lamentaram a morte do assessor e ressaltaram que ele sempre atuou na luta por causas ambientais e era a favor da vacinação em massa como forma de combater a Covid-19 no país.

Via | G1
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