A delegada da Polícia Federal, Karoline Araújo Diniz, revelou que servidores do Tribunal Regional Eleitoral de Mato Grosso (TRE) faziam adulterações do E-título para a organização criminosa que desviou R$ 15,7 milhões no auxílio emergencial e em precatórios judiciais. Entre os investigados, está o ex-secretário de Tecnologia da Informação e servidor efetivo do TRE-MT, Ailton Lopes dos Santos Júnior, que foi preso durante as diligências. De acordo com a delegada, eles recebiam parte do valor desviado e também ajudavam na “lavagem de capitais”. “Tinham dois servidores do TRE que lavavam o dinheiro que passava pelas contas deles. Depois disso, o valor era pulverizado em outras contas até chegar nas lideranças. Eles participavam do esquema fazendo a alteração do E-título com as fotos dos estelionatários. Esses documentos eram enviados para agência da Caixa para possibilitar o saque”, explicou. Ailton Lopes é conhecido como Ailton “Cowboy”. Antes de ingressar na Justiça Eleitoral, ele era locutor em festas agropecuárias e ficou famoso no início dos anos 2000 como animador do Karokê da Caixa Econômica no Parque Cuiabá. O esquema foi desmantelado durante a “Operação Et Caterva”, deflagrada na manhã desta quarta-feira (31). Os criminosos teriam desviado R$ 13 milhões em precatórios e R$ 2,7 milhões em tentativas de saques. Em Cuiabá, um gerente do banco foi preso em Mato Grosso. De acordo com o inquérito, funcionários da Caixa Econômica Federal forneciam informações sobre os precatórios, os quais eram forjados com os dados dos beneficiários e as fotografias dos estelionatários. Após a adulteração, os criminosos se dirigiam ao banco para realizar os saques. O grupo mantinha um banco de dados, que também incluía informações de pessoas falecidas. “O empregado da Caixa enviava as informações sobre os precatórios disponíveis para saque, repassa para os integrantes da organização criminosa e eles produzem os documentos principal com as fotos dos estelionatários e retornava à agência”, complementou. Para dar mais autenticidade ao procedimento, os servidores do TRE apresentavam os criminosos como familiares e os acompanhavam nas unidades bancárias. Só nas primeiras semanas do mês de março, um integrante do grupo chegou a realizar saques diários de R$ 13 mil. “Um empregado do TRE fazia o acompanhamento pessoal dos estelionatários, aproveitava dessa confiança que ele repassava por ser servidor da Justiça Eleitoral e apresentava os estelionatários como um parente”, finalizou. Por meio de nota, o TRE lamentou o envolvimento do servidor investigado e disse que prestou apoio a Polícia Federal no cumprimento de mandado nas dependências da Instituição. OPERAÇÃO ET CATERVA Os policiais cumpriram 12 mandados de prisão, 77 mandados de busca e apreensão e sequestro de bens e, ainda, 9 medidas de suspensão do exercício da função pública. Uma mala com grande quantidade em dinheiro foi apreendida. O valor total não foi divulgado. Uma vez efetuado o levantamento do precatório, o montante era espalhado em diversas contas, com o intuito de ocultar a origem ilícita. Após a interrupção temporária do pagamento de precatórios pela Caixa Econômica Federal em 2020, a organização criminosa passou a cometer fraudes em detrimento de parcelas do auxílio emergencial. Restaram efetuados aproximadamente 1.570 saques de benefícios, entre os meses de abril de 2020 e março de 2021, resultando em um prejuízo superior a R$1,3 milhão. NOTA Considerando a Operação ET Caterva, deflagrada pela Polícia Federal no início desta quarta-feira (31.03), para investigar um grupo que promoveu fraudes em precatórios e no auxílio emergencial. Considerando que um dos investigados, Ailton Lopes dos Santos Júnior, é servidor efetivo da Justiça Eleitoral de Mato Grosso, o TRE informa que: 1 – Nesta manhã, prestou total apoio a Polícia Federal no cumprimento de mandado nas dependências da Instituição, ocasião em que equipamentos e documentos foram apreendidos. 2 – Permanecerá à disposição da Polícia Federal para auxiliá-los com a entrega de novos documentos, informações, esclarecimentos ou qualquer outra medida que seja necessária para a eficácia da investigação e elucidação dos fatos. 3 – Que aguardará o desenrolar das investigações para adotar as providências legais e administrativas de sua competência, no entanto, por precaução, irá afastar o servidor investigado do cargo de chefe de seção que atualmente exerce. A medida temporária é necessária para garantir a lisura do processo. 4 – O TRE-MT lamenta ter um servidor efetivo investigado por prática ilícita, situação essa nunca vivenciada em toda a sua história. A Instituição sempre defendeu e exigiu que seus servidores tenham conduta compatível, não somente com a moralidade administrativa/funcional, mas também, com a moralidade social em sua vida particular, portanto, fará de tudo para garantir que esses princípios éticos sejam respeitados em nossa sociedade.
Via | Agência da Notícia
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