Atuando na linha de frente contra a Covid-19 desde julho do ano passado, o médico Cristiann Fernando da Silva Araújo afirma que equipes de saúde nunca viram tantas mortes ocorrendo simultaneamente. “Por mais que a morte faça parte do nosso trabalho, acho que ninguém nunca viu tanta morte ocorrendo assim. Ninguém nunca viu um estado tão catastrófico”, afirma. Segundo ele, a realidade atual é que tem se tornado comum mais de uma pessoa da mesma família não resistir à Covid-19 e as equipes médicas terem que lidar com o fato, o que traz frustração e dor. “O primeiro sentimento é de muito terror e muita frustração. Hoje é comum na UTI termos irmãos intubados no mesmo lugar, é comum dar a notícia de óbito do pai de família e logo depois falar sobre a morte da mãe, da tia. Você tem que falar com as mesmas pessoas, com a mesma família”, explica. Segundo Cristiann, a rotina das equipes que estão trabalhando na linha de frente é extremamente cansativa. “Todos nós queremos fazer um bom trabalho, independente da profissão. Nós, como médicos, queremos as pessoas bem. Isso é natural. Só que infelizmente nesse cenário isso não tem sido muito comum, porque a doença, em casos graves, e muito violenta e nos abate muito cada notícia de óbito. Cada vez que a gente conversa com uma família é algo extremamente cansativo”, desabafa. Dados da Covid-19 em MT: O número de mortes por Covid-19 em Mato Grosso passou de 6 mil nesse domingo (7). De acordo com o Painel Covid-19, a Secretaria Estadual de Saúde (SES) registrou desde o início da pandemia 261.116 casos confirmados da Covid-19 e 6.016 óbitos em decorrência da doença no estado. Entre casos confirmados, suspeitos e descartados para a Covid-19, há 476 internações em UTIs públicas e 412 em enfermarias públicas. Isto é, a taxa de ocupação está em 98,96% para UTIs adulto e em 49% para enfermarias adulto. A ocupação teve uma leve redução. Nesse sábado, quase 100% dos leitos de UTI para Covid-19 estavam ocupados. Dentre os dez municípios com maior número de casos de Covid-19 estão: Cuiabá (56.231), Rondonópolis (20.440), Várzea Grande (16.420), Sinop (13.322), Sorriso (10.540), Tangará da Serra (10.186), Lucas do Rio Verde (9.513), Primavera do Leste (7.794), Cáceres (5.752) e Nova Mutum (5.164). Essa é a segunda vez que a saúde de Mato Grosso entra em colapso desde o início da pandemia. A Secretaria Estadual de Saúde pediu a outros estados auxílio para possíveis transferências de pacientes com Covid-19. São quase 60 pacientes que estão na fila de espera por um leito de UTI. A Secretaria informou que não houve confirmação oficial por parte dos estados até o momento, até porque a situação é de hospitais cheios em todas as regiões do país.
Via | G1
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