A trabalhadora autônoma Roseli Gomes de Assis, de 31 anos, está há dois meses internada no Pronto-Socorro Municipal de Várzea Grande (PSMVG) e agora precisa fazer uma cirurgia no braço, depois de ter sido baleada pelo ex-marido, o sargento da Polícia Militar Ronaldo Henrique de Amorim Neves. A família está fazendo uma vaquinha para arrecadar o valor necessário para custear o procedimento cirúrgico.

Ele atirou na vítima porque não aceitava o fim do relacionamento. Após tentar matar a vítima, ele fugiu com o filho do casal. Ele se apresentou à polícia dois dias depois, mas logo foi solto. De acordo com a Polícia Militar, ele encontra-se em licença para tratamento de saúde.

A vítima disse que conviveu com o policial durante 6 anos e 8 meses. Segundo ela, o relacionamento era instável com agressões físicas e separações temporárias, principalmente por causa de ciúmes.

“No começo era tudo bem, mas aos poucos ele foi demonstrando os ciúmes e isso só foi aumentando com o tempo. Se eu me arrumasse, arrumasse o meu cabelo, se eu fosse fazer a unha e comprasse uma roupa ele dizia que era para atrair homens”, afirma.

Por causa do relacionamento abusivo, Roseli decidiu se afastar de Ronaldo. Ele sempre falava que ia mudar e por ter dois filhos com Ronaldo, ela voltava, mas começava tudo de novo.

Sargento Ronaldo Henrique de Amorim Neves está solto e de licença para tratamento de saúde, de acordo com a PM — Foto: Divulgação
Sargento Ronaldo Henrique de Amorim Neves está solto e de licença para tratamento de saúde, de acordo com a PM — Foto: Divulgação

A vítima tem quatro filhos, um de 12 anos que mora com a irmã e outro de 9 anos. Com o ex-marido ela tem um filho de 4 anos e um bebê de 1 ano e 9 meses.

Quando se separou decidida de que não voltaria, se mudou para a casa da irmã e o ex-marido continuava a perseguindo.

“Eu separei dele decidida que queria uma vida nova e paz porque eu não tinha paz. Ele veio atrás de mim pedindo para voltar, eu falei que não, mas eu não brigava, não gritava, não xingava. Eu disse que quando ele quisesse ver as crianças, eu nunca o impediria. Ele não aceitou e me falou: ‘se você não vai voltar comigo, eu vou te matar’”, afirma.

Roseli relata que ele estava com o filho de 1 ano e 9 meses no colo e segurava a mão do outro filho de 4 anos quando o policial sacou a arma e começou a atirar. Ela correu. O primeiro tiro acertou o braço e ela perdeu os movimentos depois do cotovelo. Outro tiro acertou a barriga perfurando o intestino e o baço. O último acertou as costas, perto do pulmão.

Após os dois meses internada na UTI para se recuperar dos ferimentos, os médicos sugeriram uma cirurgia para recuperar o movimento do braço, caso contrário, ela terá que amputar. Há 15 dias ela foi transferida para a enfermaria do Pronto Socorro de Várzea Grande.

Em Mato Grosso, o Sistema Único de Saúde (SUS) não realiza esse tipo de cirurgia, então a opção é fazer o procedimento em um hospital particular.

A cirurgia custa R$ 10.450 e, como a família não consegue custear, decidiu fazer uma vaquinha para arrecadar o valor.

“Ele está solto ainda, está trabalhando, está de boa, eu que estou presa aqui”, afirma.

A PM informou que a Corregedoria Geral da Polícia Militar está finalizando o Inquérito Policial Militar (IPM) e que nos próximos dias o resultado da investigação no âmbito administrativo será encaminhado à Justiça. Adiantou que ele vai responder a um processo administrativo disciplinar.

O policial responde a dois inquéritos. Além desse instaurado pela Corregedoria, responde a outro inquérito conduzido pela Delegacia de Defesa da Mulher.

Via | G1

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