Em rodada de diálogo com adidos agrícolas, o Instituto Mato-grossense da Carne (Imac) identifica potenciais parceiros e define prioridades de ação

O Instituto Mato-grossense da Carne (Imac) encerrou hoje um ciclo de debate virtual com 17 países. A extensa agenda integrou o 2º Encontro dos Adidos Agrícolas Brasileiros, organizado pelo Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa), Ministério das Relações Exteriores (MRE) e da Agência Brasileira de Promoção de Exportações e Investimentos (Apex). O resultado foi um verdadeiro raio-X sobre mercados consolidados e com potencial para a carne estadual.

“Ouvimos, conhecemos um pouco mais e trocamos informações com os quatro cantos do mundo – um exercício que nos abriu a mente”, observa Caio Penido, presidente do Imac. Ao lado do diretor de operações do instituto, Bruno de Jesus Andrade, Penido construiu um painel de análise sobre demanda, preferências comerciais e focos de atuação para a entidade – que reúne em seu board pecuaristas e indústrias frigoríficas de Mato Grosso, além do Governo do Estado, com foco em promover a carne mato-grossense.

Dentre todos os países, a equipe do Imac concluiu que o principal bloco é aquele formado por países asiáticos, com destaque para a China, caracterizado pela demanda firme por carne bovina. “O foco desses compradores é quantidade e sanidade”, resume Penido. Embora não tenham o hábito tradicional de consumirem carne vermelha, países como Indonésia, Cingapura e Tailândia – além de China, Hong Kong e Egito – são mercados em ascensão e grandes destinos turísticos que têm, ano a ano, ampliado o uso da proteína.

Outra característica em comum é que são nações que respeitam e validam as legislações brasileiras ambiental, fundiária, trabalhista, sem imposição de barreiras comerciais. “É o bloco prioritário para o Imac e para o mercado da carne mato-grossense. Mantendo os volumes de compra e a premiação dada pelos chineses para o chamado ‘boi China’, asseguramos uma base econômica para que a intensificação da atividade se expanda ainda mais em Mato Grosso e no Brasil”, afirma o presidente do instituto.

Peru e Colômbia foram a grata surpresa da rodada de diálogo com os adidos. Penido explica que, embora o foco inicial da conversa tenha sido criar uma aliança para trabalhar a imagem da produção de alimentos em países e estados amazônicos, foi possível constatar que há mercado aberto para a carne bovina no Peru. “É um mercado interessante, que está próximo de nós e cuja demanda vem sendo atendida pelos Estados Unidos e países europeus. O consumo está crescente e a produção nacional é pequena. Ou seja, basta nos apresentarmos”.

Inglaterra, Bélgica e a representação brasileira junto à Organização das Nações Unidas para a Alimentação (FAO) também foram incluídas na pauta de diálogos tendo como principal aspecto em comum o desafio da imagem mundial sobre a produção de proteína animal no Brasil. “Mercado propriamente dito é de nicho, focado em uma carne de alta qualidade e com garantia de sustentabilidade. Mas a comunicação com esses países e com a FAO é essencial porque são formadores de opinião sobre o nosso produto”, argumenta Penido.

O comércio com países europeus geralmente é marcado por protecionismo e barreiras ambientais. “Nosso papel é mostrar o quão sustentável já é a carne mato-grossense e informar tecnicamente as distinções entre o modelo produtivo brasileiro e de outros países”, pontua o presidente. Entre os argumentos, a necessidade de se falar em balanço de carbono ao invés de emissões de carbono na pecuária brasileira, por exemplo.

“Ao contrário de países do hemisfério Norte, em Mato Grosso temos a predominância do modelo de ‘boi a pasto’ e pelo menos dois grandes diferenciais em relação ao CO². O primeiro é que podemos reduzir a idade de abate dos nossos animais e, dessa forma, diminuir o volume de gases de efeito estufa por arroba. O segundo ponto é que a intensificação de pastagens degradadas gera mais alimento e fixação de carbono no solo. Além disso, temos a possibilidade de integrar a atividade pecuária com outras culturas, como a lavoura e a floresta. Tudo isso, assim como a legislação ambiental brasileira, precisa ser considerado nessa equação ambiental, e vejo muitas oportunidades para a nossa carne”, explica Penido.

O papel dos adidos agrícolas é defender os interesses da agropecuária nacional junto aos principais parceiros comerciais do Brasil. De 14 a 21 de setembro, o Imac se reuniu com representantes da África do Sul, Arábia Saudita, Canadá, China, Cingapura, Colômbia, Coreia do Sul, Egito, Estados Unidos, Indonésia, Japão, México, Missão Permanente junto à União Europeia na Bélgica, Peru, Rússia, Tailândia e Vietnã e Missão Permanente junto à FAO em Roma.

Detentor do maior rebanho bovino do País, Mato Grosso é o maior produtor de carne bovina no Brasil. No primeiro trimestre de 2020, produziu 326,68 mil toneladas da proteína. No ranking de exportações, ocupa o segundo lugar, atrás de São Paulo.

Fonte | Assessoria   Foto | Reprodução
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