Hoje em dia, no Brasil e no mundo, milhões de pessoas dizem querer ou precisar aprender inglês e, para isso, fazem os maiores malabarismos para (tentar) atingir tal objetivo no menor prazo possível. Isso acontece porque, independentemente da sua classe social e faixa etária, esses indivíduos vislumbram no propalado domínio do idioma bretão uma maneira de melhorar seu nível sociocultural, bem como ascender profissional ou academicamente. Essa dinâmica, no entanto, serve mais para jovens e adultos. E quanto às crianças, em especial aquelas que estão se iniciando no mundo escolar? O que podemos fazer com e por elas quando o assunto é a língua inglesa?

Bem, criança é criança, e quem já foi criança um dia sabe que elas preferem se divertir a seguir certas instruções ou regras “chatas” ditadas pelos adultos. Em qualquer lugar do mundo, o que as crianças querem mesmo é brincar, o que na verdade é um dos seus direitos mais elementares, segundo o Princípio VII da Declaração Universal dos Direitos da Criança, adotada pela ONU (Organização das Nações Unidas) em 1959. Uma vez na escola, porém, a compreensão de mundo da criança se modifica, e ela logo percebe que nem tudo o que acontece ali é ou está do seu agrado. É nesse momento que entra em cena o papel e a importância do lúdico, termo este originário do latim ludus e que quer dizer ‘jogo’.

No entanto, segundo Anne Almeida (2009), no campo da educação, o lúdico não pode ser considerado apenas como sinônimo de jogo. No ambiente artificial da sala de aula, ele deve ser encarado pelo professor como efetivo facilitador no processo de aprendizagem – sempre em benefício das crianças, claro. Nesse contexto, portanto, quando o lúdico é entendido e implementado como uma parcela da metodologia de ensino (da língua inglesa, por exemplo), a intenção é oferecer aulas mais prazerosas e interativas, com maior leveza, a fim de trazer um pouco mais de descontração para todos, deixando o aluno mais à vontade e disposto a participar das atividades propostas e o professor mais motivado para tentar novas experiências com seus pupilos. Na verdade, o ideal seria ir mais e mais além da aprendizagem propriamente dita. O objetivo maior poderia ser inserir todos os envolvidos num processo instigante de aquisição do idioma-alvo para que, como sugere Ricardo Schütz (2006), ocorra a “assimilação natural” e subconsciente daquilo que foi ou for compartilhado ou vivenciado na sala de aula.

Dessa forma, como a brincadeira é a linguagem natural da criança, seu desenvolvimento cognitivo pode ser notado nas atividades que envolvem o uso de recursos audiovisuais (música, dança, teatro de fantoche, filmes, buscas na internet, folhas com desenhos para colorir etc.) e algumas das suas predileções (cantar, dançar, correr e pintar, for instance). Em outras palavras, a intenção é tentar fazer com que, brincando, a criança desenvolva as suas potencialidades e as suas habilidades, demonstrando a sua sensibilidade, criatividade, responsabilidade e autonomia, pois as atividades lúdicas possibilitam o desenvolvimento da criança tanto no seu aspecto físico e mental quanto afetivo e social. Assim, ao ser capaz de relacionar ideias, de formar conceitos, de pensar com lógica e de se expressar adequadamente de forma escrita e oral, ela se torna mais ativa e participativa, além de empática e solidária.

Como não é preciso ter conhecimentos teóricos sobre fonologia, morfologia e sintaxe sobre o idioma nessa faixa etária, o aspecto mais desafiador talvez seja o fato de ainda haver muitos profissionais que não querem mudar suas crenças, práticas e opiniões acerca desse assunto, não estando preparados para se transportar para esse universo e voltar a ser criança, sem deixar escapar do seu campo de visão o seu papel de educador. Uma vez obtida essa sintonia, e desde que ela seja qualitativa e constante, não temos dúvida de que aulas diferenciadas e menos cansativas, com mais dinamismo e muita descontração, trarão os resultados pretendidos e as mudanças necessárias para que o processo de ensino/aprendizagem da língua inglesa seja classificado, no mínimo, como eficaz, por ser envolvente e desinibidor.

Fonte | Valéria Cristina Negrette da Nóbrega Buzatti* & Jerry T. Mill**          *Pós-graduada em Ensino de Língua Inglesa (UFMT) e professora efetiva da rede municipal de ensino         **Mestre em Estudos de Linguagem (UFMT), presidente da Associação Livre de Cultura Anglo-Americana (ALCAA), membro-fundador da ARL (Academia Rondonopolitana de Letras), associado honorário do Rotary Club de Rondonópolis e autor do livro Inglês de Fachada

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