Evitar que o paciente acometido por câncer na região abdominal evolua para um quadro clínico de desnutrição grave, caquexia (doença complexa caracterizada pela perda de peso, massa corpórea e tecido adiposo), múltiplas obstruções intestinais e ascite (acúmulo anormal de líquidos dentro da cavidade peritoneal) e complicações que limitam a qualidade de vida e reduzem o tempo dela. Essas são algumas motivações para indicar a cirurgia citorredutora com quimioterapia intra-abdominal hipertérmica, procedimento que além de melhorar a qualidade de vida, pode dar ganho de sobrevida e aumentar as chances de cura.

O procedimento é realizado há vários anos no Hospital Unimed Chapecó. Recentemente foi feito pelos médicos Dr. Cristiano Devenci Vendrame (cirurgião oncológico) e Dr. Benito Bodanese (cirurgião oncológico), com a participação do Dr. Vinicius Negri Dall’Inha (cirurgião oncológico) para conhecimento do método.

O paciente com carcinomatose peritoneal (câncer disseminado dentro do abdômen), em geral, tem uma resposta limitada à quimioterapia sistêmica (feita na veia), que é eficiente por um tempo limitado, pois não consegue penetrar completamente nas lesões peritoneais pela via sanguínea. Isso leva a progressão da doença.

A cirurgia ocorre a partir de duas etapas. Na primeira é realizada a remoção de todo o tumor visível, bem como dos órgãos envolvidos pela doença. Essa etapa pode durar de três a mais de 24 horas, conforme a extensão afetada. Na segunda fase é infundida quimioterapia a uma temperatura de 41º. Essa etapa dura de 30 a 90 minutos, dependendo da patologia a ser tratada. “Um dos principais desafios é o tempo cirúrgico prolongado, o que demanda um grande preparo da equipe que assiste o paciente: cirurgiões, anestesistas e enfermagem”, comenta Vendrame. Segundo o médico, também são necessários cuidados específicos na sala cirúrgica em função dos agentes quimioterápicos. “Durante a infusão de quimioterapia dentro do abdômen do paciente é necessário uma paramentação especial para evitar a contaminação da equipe”, explica.

Por ser uma cirurgia de grande porte, as complicações no pós-operatório podem ser as mais variadas, como sangramento, infecções, fístulas (abertura das emendas do intestino), eventos trombo-embólicos, além das complicações relacionadas ao quimioterápico. O tempo médio de internação é de quatro a sete dias em UTI e de duas a três semanas em enfermaria. Entre os cuidados com o paciente estão: dieta, parâmetros clínicos, sondas e drenos, fisioterapia respiratória e motora, controle da dor, profilaxia de sangramentos digestivos, reposição volêmica e exames laboratoriais. “Essa técnica pode dar a chance de cura para muitos pacientes, que antes eram tratados como terminais, dependendo da patologia e do volume da doença”, argumenta o médico.

A cirurgia citorredutora com quimioterapia hipertérmica, de acordo com Vendrame, tem diversas indicações, que foram expandidas nos últimos anos. Os casos mais comumentes são: pseudomixoma peritoneal (tipo raro de câncer originado nas glândulas produtoras de muco no peritoneo), mesotelioma peritoneal (tumor de mesotélio – membrana que reveste as cavidades serosas do corpo), câncer de ovário, câncer colorretal e em casos selecionados de câncer gástrico.

De acordo com Vendrame, a avaliação pré-operatória do paciente, normalmente, dura de duas a três semanas, por se tratar de uma intervenção de alto grau de complexidade. “Sempre realizamos acompanhamento nutricional e fisioterápico especializado, além de seguirmos um rígido protocolo, que se estende durante a internação e prossegue no pós-operatório até a recuperação do paciente”, salienta Dr. Vendrame.

Fonte | Assessoria   Foto | Cirurgia citorredutora com quimioterapia intra-abdominal hipertérmica (Crédito: Franciéli Roos/Unimed Chapecó).
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