Coren-MT denuncia descaso com profissionais que trabalham mais tempo expostos e mais próximo no cuidado do paciente

Mato Grosso já é o terceiro Estado do país com maior registro de mortes de profissionais de enfermagem pelo novo coronavírus. Até a tarde de sexta-feira (21), 29 enfermeiros e técnicos de enfermagem morreram por conta da doença. No 3º lugar, empatado com Pernambuco, só fica atrás do Rio de Janeiro e São Paulo que são os estados mais populosos do país.

No país, 49,2% dos profissionais da saúde que morreu em razão do novo coronavírus são da Enfermagem. Dados do Conselho Federal de Enfermagem (Cofen) mostram que 1.116.197 de trabalhadores da saúde foram infectados: técnicos/auxiliares de enfermagem (83.648; 34,4%), enfermeiros (35.463; 14,6%), médicos (26.087; 10,7%), agentes comunitários de saúde (11.873; 4,9%)e recepcionistas de unidades de saúde (10.523; 4,3%).

O Brasil é recordista mundial em número de casos e óbitos de profissionais de saúde. Enquanto os Estados Unidos e a Itália, países epicentros do novo coronavírus, juntos, registraram 204 mortes de enfermeiros, aqui já morreram 376. O Observatório da Enfermagem, site criado pelo Confen para concentrar os números de infectados, mortos e internados, mostrou que, na última semana, quase triplicaram as mortes de enfermeiros durante a pandemia.

Toda semana a categoria perde um profissional no Estado e o registro de infectados já chegou a 857 em Mato Grosso. Segundo o presidente do Conselho Regional de Enfermagem (Coren-MT), Antonio Cesar Ribeiro, mortes evitáveis se não fossem as condições precárias que a Enfermagem vem recebendo das instituições empregadoras.

O presidente lembra que esses profissionais de enfermagem que foram afastados porque ficaram doentes e estão em tratamento, não estão sendo repostos. O que sobrecarrega ainda mais àqueles que continuam na linha de frente no combate à covid enfrentando uma longa jornada e o aumento de pacientes a cada dia. “Acabamos nos expondo muito mais e morrendo”, assinalou.

Os profissionais da Enfermagem morrem, argumentou Ribeiro, não somente em razão de atuarem em pronto-atendimento e UTI (Unidade de Terapia Intensiva) dos hospitais referências, mas por trabalharem mais tempo expostos e mais próximo no cuidado do paciente e, ainda, por não terem os equipamentos necessários e as condições necessárias de trabalho.

Condições que não favorecem um trabalho seguro, como equipamentos de péssima qualidade e racionados, onde cada profissional recebe dois kits de equipamentos para uso num plantão de 12 horas. O Coren mantém as fiscalizações frequentes à medida que recebe denúncias. Conforme ele, os fiscais vão até as instituições, as notificam e elas fazem de conta que cumprem, o que não acontecem.

“Nossa posição é nós fiquemos em luto permanente, pela perda dos nossos colegas. Isso aí é imoral do ponto de vista das organizações públicas e privadas que não oferecem condições e estão nos expondo a risco de mortes, isso é real e está acontecendo toda semana”, lamentou o presidente do Coren-MT.

Fonte | RMT
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