Com ou sem coronavírus e covid-19, quarentena e isolamento social, muitas são as possibilidades de ensino ou aprendizagem para aqueles que, mesmo remota ou virtualmente, querem lecionar ou estudar um dado idioma estrangeiro (mas e mais notadamente o inglês) no conforto da sua casa ou no seu local de trabalho. Afinal, hoje em dia, a tecnologia permite que isso seja feito pela internet e por aplicativos via computador, tablet e celular com uma qualidade e eficiência impressionantes. E poucos são aqueles Brazilians que não têm um ou outro desses devices hoje em dia, não é mesmo?

Na atual realidade em que vivemos, em meio aos momentos de lazer e de angústia ou temor que essa pandemia nos trouxe, tempo é o que não falta agora para uma considerável parcela da população não só da nossa cidade, mas também do estado, do país e do mundo – sem aparente distinção ou discriminação. Tempo este que, se fosse/for bem utilizado, poderia/pode trazer muitos benefícios (até então não contabilizados) para muita gente, minimizando os iminentes prejuízos que teremos, mais cedo ou mais tarde, mormente na área da educação.

Vale esclarecer que eu sempre procuro considerar (também) os contextos hipotéticos porque, na prática, na realidade nua e crua que chega aos nossos olhos e ouvidos, sabemos que a situação ideal e ansiosamente desejada habita apenas o reino da utopia e que, entre escolher o certo, o duvidoso e o divertido, os dois últimos itens têm primazia em relação ao primeiro. Se você duvida, dear reader, tente fazer o teste consigo mesmo ou com alguém próximo a você na primeira oportunidade que surgir: entre assistir uma videoaula e um filme, ou ouvir uma explicação sobre um determinado tópico em áudio e uma música contagiante, ou ler um livro e tirar um cochilo, qual muito provavelmente será a opção escolhida? A primeira ou a segunda, nas três possíveis situations citadas? A segunda, most probably…

Sabemos que o poder e o grau de concentração de cada ser humano não é exatamente igual, bem como a sua capacidade mental/intelectual, embora, na teoria, sejamos todos capazes de atingir níveis inimagináveis de criatividade e de talento. Na prática, no entanto, o que nos impede de sermos bem melhores do que realmente somos ou podemos ser é justamente o nosso jeito de pensar e a nossa forma de (não) agir para conseguir o que queremos. Traduzindo para o campo do ensino-aprendizagem de línguas: aprendizes que realmente se tornam fluentes são poucos e especialmente aqueles que, tendo “facilidade” ou “tendência” para entender as nuanças da língua-alvo, se dedicaram ao máximo para aprendê-la – na maioria das vezes se divertindo com as atividades feitas, em vez de se sentirem cansados ou entediados por causa delas.

Convenhamos que, com o passar do tempo, eis a triste realidade brasileira, há décadas: para a maioria dos nossos aprendizes de línguas, anos e anos de dedicação aos estudos, no curto ou no longo prazo, vão se reduzir a (quase) nada, pois eles, além de não terem se dedicado como deviam aos seus estudos linguísticos, pelos mais variados motivos ou motivações, eles ainda não terão a oportunidade de trabalhar numa empresa multinacional e viajar com frequência para o exterior, não serão intérpretes (tradutores ou professores), não terão real friends de outras nacionalidades, seus vizinhos e familiares continuarão a saber pouco ou nada do idioma em questão e, para piorar, outras prioridades (como amores, trabalho, saúde, hobbies etc.) irão tornar aquilo que foi supostamente aprendido em uma mera lembrança, uma quimera, ou um belo conto de fadas, sei lá. Para a maioria, um pesadelo, talvez. Nada mais, nada menos. Infelizmente. E até quando será assim?

O fato é que, num mundo em que desejamos tanto (ou demais) e às vezes tudo (e um pouco mais) aqui e agora, aqueles que, sendo desprovidos disso ou daquilo e que menos se esforçam para atingir seus objetivos, são exatamente os que se sentirão mais vitimizados e frustrados por não terem conseguido a casa, o carro, as roupas, o dinheiro e o inglês com que sempre sonharam. Triste constatação de que (ao menos por enquanto) não podemos voltar no tempo e mudar as (más) escolhas que fizemos year after year.

É como diz aquele conhecido e (desculpe o trocadilho) malhado provérbio: no pain, no gain. Ou seja: se não houver esforço físico/mental e dedicação, pal, não haverá ganho ou progresso algum, ao menos no nível desejado. Do contrário, lucky you!

Jerry Mill -Mestre em Estudos de Linguagem (UFMT), presidente da Associação Livre de Cultura Anglo-Americana (ALCAA), membro-fundador da ARL (Academia Rondonopolitana de Letras), associado honorário do Rotary Club de Rondonópolis e autor do livro Inglês de Fachada

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