Especialista em epidemias afirma que será preciso ‘longo tempo de adaptação’ depois que quarentenas máximas puderem ser levantadas

Será “muito difícil” retomar a vida cotidiana como antes da pandemia de coronavírus, alerta a cientista espanhola Pilar Mateo, especialista no combate à doença de Chagas e à dengue. O motivo: o mundio ainda levará tempo para voltar à atividade normal.

Em declarações à agência de notícias Efe, Pilar defendeu a criação de equipes multidisciplinares de vigilância para prevenir novas crises de saúde como esta, que pune especialmente a Espanha, o segundo país do mundo com os casos mais confirmados, com quase 160 mil diagnósticos positivos.

“Será difícil sair da quarentena porque precisaremos de tempo para recuperar nosso nível normal de atividade. Será um tipo de quarentena intelectual difícil de entender”, diz a pesquisadora e doutora em Química.

Quando o confinamento obrigatório da população nos diferentes países terminar, será necessário um “longo tempo de adaptação”, ressalta Pilar. Fazer compras, sair com amigos, assistir a shows públicos, sair de férias ou celebrar festas será algo a ser feito gradualmente.

“Mudamos a filosofia do existencialismo ocidental — existimos em função do que fazemos — para o silêncio do taoísmo chinês — contemplar e pensar”, resume

O coronavírus ‘veio para ficar’

A especialista avalia que o coronavírus “veio para ficar no planeta”. Isso significa que, até que uma vacina seja obtida para nos proteger, “o risco de contágio estará presente a qualquer momento em nossa vida social”.

O potencial de contágio do novo coronavírus, ela explica, foi o que fez os sistemas nacionais de saúde entrarem em colapso. Agora, Pilar considera que os países ocidentais vão perceber o que ela vem dizendo há mais de 20 anos por ter vivido sempre muito perto de epidemias: “Equipes de prevenção e vigilância são importantes.”

Segundo a especialista, que vive na Espanha, “a sorte” de seu país é ter profissionais de saúde “com uma capacidade de reação brutal e corajosos para dizer ‘nós fazemos isso sem ter os meios necessários'”. “Essa é a coisa mais importante”, declara.

Ocidente sempre tratou epidemias como algo distante

A cientista explica que, a cada ano, entre 4 e 5 vírus surgem e circulam pelo planeta, dos quais três são zoonoses, ou seja, que podem ser transmitidos de animais para humanos. Entre eles, está o novo coronavírus.

“Nós, europeus, sempre os víamos à distância porque eram produzidos na África, América ou Ásia”, diz Pilar. Tratando estes assuntos como se fossem sempre “tão longe”, a pandemia de covid-19 escancaraou a “falta de prevenção” em saúde nos países ocidentais. “Pensamos que as coisas nunca aconteceriam conosco”, diz a cientista europeia.

Fonte | R7
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