Segundo estimativas de uma universidade do Reino Unido, o país teria hoje cerca de 15 mil casos, e a justificativa seria que 80% não têm sintomas

O Brasil teria hoje mais de 15 mil casos do novo coronavírus – cerca de onze vezes mais do que os 1.891 registrados oficialmente. A estimativa é do Centro para Modelagem Matemática de Doenças Infecciosas da London School of Tropical Medicine, do Reino Unido, que fez um cálculo da subnotificação da covid-19 em vários países.

O levantamento mostra que no Brasil apenas 11% do total de casos foram diagnosticados.

“Estamos vendo a ponta de um grande iceberg”, afirmou o epidemiologista Roberto Medronho, da Universidade Federal do Rio de Janeiro, que não participou do estudo, mas analisou os dados a pedido da reportagem. “As minhas estimativas eram bem similares, cerca de 10%, mas isso não é, necessariamente, uma falha do sistema.”

Isso acontece, segundo especialistas, porque a grande maioria (cerca de 80%) dos casos da infecção pelo novo coronavírus é assintomática ou apresenta sintomas muito leves e acaba não sendo diagnosticada.

Atualmente, no Brasil, apenas os casos mais graves, que chegam aos hospitais e são testados, estão recebendo o diagnóstico oficial.

“Dentre os casos que apresentam sintomas, apenas uma parte procura o sistema de saúde”, explicou Medronho. “Desses que vão ao hospital, apenas parte é diagnosticada como covid-19 e outra parte pode receber um diagnóstico errado. E ainda tem casos que não são notificados oficialmente.”

O mesmo estudo mostra que na Itália, que enfrenta uma das piores epidemias, o percentual de casos diagnosticados corresponderia a apenas 4,6% do total real. Número parecido com o da Espanha, 5 3%. França e Bélgica têm percentuais similares ao do Brasil, respectivamente 9,2% e 12%.

Fonte | Exame
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