Miguel de Carvalho Viera foi submetido ao procedimento no HCM de São José do Rio Preto (SP) após receber o órgão de uma criança de 9 anos.
Comer pizza de calabresa e soltar pipa. Esses são os desejos do pequeno Miguel de Carvalho Viera, de 5 anos, que acabou de ser submetido a um transplante de coração no Hospital da Criança e da Maternidade (HCM), em São José do Rio Preto (SP).
“Isso é o que ele mais quer. Ele já está pedindo para as equipes médicas, que estão fazendo o acompanhamento dele”, afirma a mãe do menino, Taís Ellen de Carvalho.
A cirurgia foi realizada na sexta-feira (31). Miguel tinha sido diagnosticado com taquicardiomiopatia, uma disfunção do coração secundária à arritmia, que faz com que o órgão perca a força de contração e aumente de tamanho.
Taís afirma que o filho era muito ativo e fazia todas as atividades normais exercidas por uma criança. Contudo, ele começou a sentir sintomas de uma forte gripe e passou por exames solicitados por uma médica.
“Ela pensou que fosse pneumonia, mas descobrimos que o coração dele estava maior do que o normal. Levamos um susto porque não conhecíamos a doença”, diz a mãe.
O caso era bem grave e não tinha tratamento. Por correr risco de morte, Miguel precisou ficar internado cerca de quatro meses aguardando na fila de espera para receber um coração que fosse compatível com o dele.
“Chegamos a pensar que ele não aguentaria. Às vezes, ele passava muito mal, além de precisar ficar sem comer certos alimentos e até a andar”, relembra a mãe.
O órgão que o menino precisava veio de outro estado e foi doado por uma criança de 9 anos. Médicos do HCM viajaram até Itajaí (SC), cidade localizada a 900 quilômetros de distância, para trazê-lo a Rio Preto.
Como o período entre a retirada do coração e do transplante deve ser de no máximo quatro horas, um helicóptero e um jato foram mobilizados.
“Nós ficamos muito felizes. Queremos agradecer muito a família da outra criança, que em um momento de dor, decidiu de doar os órgãos. Eles salvaram não só o Miguel, mas outras crianças também”, diz Taís.
Cirurgia
O transplante durou cerca quatro horas e foi considerado um sucesso por Ulisses Croti, cirurgião cardíaco e chefe do Serviço de Cardiologia e Cirurgia Cardiovascular Pediátrica do HCM.
Este foi o sexto transplante de coração desde a inauguração do hospital, ocorrida em 2013. Ele também foi o oitavo procedimento em criança na história do complexo Fundação Faculdade Regional de Medicina de Rio Preto (Funfarme), já que o Hospital de Base havia realizado dois antes de 2013.
Miguel já está respirando sem ajuda de aparelhos e se alimentando com uma dieta líquida, à base de gelatina, água e chá. Ele segue consciente e interagindo com a equipe.
“Foi uma sensação de alívio, tirou uma pressão sobre a gente e choramos muito. Todo mundo chorou, inclusive pessoas que não eram da nossa família. Foi muito gratificante ver ele bem”, diz a mãe.
“Eu não sabia que daria tanta repercussão. Recebemos ligações de pessoas desconhecidas, dizendo que estavam rezando pela recuperação do Miguel”, complementa Taís.
O pequeno ainda permanecerá em isolamento por cerca de 30 dias, mas exames feitos pelos médicos comprovaram que o coração transplantado está batendo no ritmo adequado.
“Ele está ótimo. No primeiro dia, já pediu para comer gelatina e segue progredindo cada vez mais. Quando ele sair, queremos voltar para Pereira Barreto. Muita gente está querendo vê-lo. Só temos a agradecer”, conta a mãe.
Fonte | G1