A senadora Juíza Selma (Podemos-MT) disse nessa 5ª feira (16) que há muitas pessoas dentro do Senado que se movimentaram para que ela fosse cassada pelo TSE (Tribunal Superior Eleitoral). O movimento seria 1 recado para o ministro da Justiça e Segurança Pública, Sergio Moro, e para o coordenador da Lava Jato no Paraná, Deltan Dallagnol.

“Eu tive informações sobre isso, recentemente inclusive. Informações concretas. Eu já desconfiava, mas tive. Muitas pessoas do Senado colaboraram para que esse processo tivesse celeridade. Muitas pessoas do Senado trabalharam para esse resultado que aconteceu”, afirmou em entrevista ao programa Roda de Conversa, da TV Gazeta de Mato Grosso.

O TSE decidiu, por 6 votos a 1, pela cassação do mandato da senadora, acusada de ter praticado os crimes de caixa 2 e abuso de poder econômico durante a campanha para o Senado em 2018. A Corte ratificou decisão proferida em abril pelo TRE-MT (Tribunal Regional Eleitoral de Mato Grosso).

Levantamento do Poder360 apontou que a senadora gastou mais de R$ 140 mil com pessoal e cota parlamentar já depois de ter o mandato cassado pelo TSE, em 10 de dezembro. No mês inteiro, os gastos passam dos R$ 200 mil.

Ela afirmou, por outro lado, que aguarda o rito dos senadores para que possa deixar o cargo. O Senado informou que só recebeu a notificação do TSE em 19 de dezembro e que a Mesa Diretora se reunirá em “tempo hábil” para analisar o caso. No ano passado, 1º sob o comando de Alcolumbre, foram apenas duas reuniões –ambas em abril. Em 2019, foram só duas reuniões.

Selma afirmou que causou estranheza a rapidez com a qual seu caso foi julgado. O processo foi julgado pela Justiça Eleitoral no Mato Grosso em abril e, em dezembro, o TSE confirmou a sentença. “Vocês reclamam que a Justiça é demorada? Eu sou a única pessoa no Brasil que não pode reclamar disso.”

A senadora disse que há movimentos para que ela saia da política tanto no âmbito local, onde o processo começou, quanto no nacional. Neste último, ela afirma que ouviu de ministros que sua cassação seria 1 recado para que personagens vindos do Judiciário, como Moro e Dallagnol, não se aventurem no ambiente da política.

“Ministros me disseram que é 1 recado para o ministro Sergio Moro e recado para o procurador Dallagnol para que não tentem entrar para a política também. Eles não gostam de gente que vem da Justiça, gente que combate a corrupção dentro da política”, completou.

Na região, ela acusa Carlos Fávaro (PSD-MT) de articular sua saída da política. Fávaro foi o 3º colocado nas eleições de 2018 e provocou o processo que levou à cassação do mandato da “Moro de Saias”–como é conhecida a Juíza Selma.

A senadora disse que entrará com recurso contra a decisão do TSE e que, caso o Senado decida por confirmar sua cassação, ela escolherá 1 novo candidato para apoiar nas novas eleições que serão convocadas para o Estado.

Outro ponto que teria incomodado o que ela classifica como “políticos mais conservadores“, mais antigos na vida pública nacional, é a atuação do grupo “Muda Senado”. O movimento defende temas como a prisão pós-condenação em 2ª Instância e a CPI da Lava Toga, contra o STF (Supremo Tribunal Federal).

ENTENDA

A senadora é acusada de omitir gastos de R$ 1,23 milhão na campanha eleitoral de 2018. Ela afirma que o dinheiro foi 1 empréstimo pessoal pego com seu 1º suplente, Gilberto Possamai, e que a verba não foi usada em campanha, mas na pré-campanha. Por isso, não havia sido declarada.

O TRE do seu Estado a considerou culpada por unanimidade, com indicativo de novas eleições.

A ex-procuradora-geral da República Raquel Dodge enviou parecer ao TSE sobre o caso em que defende a cassação e as novas eleições. Leia a íntegra.

A despesa omitida pela senadora Selma Arruda corresponde, no total, a 72% dos gastos efetuados durante campanha eleitoral. Com a punição, a chapa inteira, com o suplente, é cassada.

Depois da decisão do tribunal regional, ela emitiu nota dizendo que estava “tranquila” em relação às acusações por saber da “retidão de seus atos”.

Fonte | Poder 360

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