Pode até parecer que, revisitando aquela famosa canção do inesquecível Raul Seixas (1945-1989), eu quero dizer o oposto do que eu disse antes, mas não é bem assim. Numa linguagem mais popularesca: só que não. Afinal, desta feita, o meu foco não é o (baixo, vergonhoso) nível de ensino/aprendizagem que se vê por aí quando o foco é a língua inglesa que é ofertada nas escolas brasileiras, sejam elas públicas ou particulares. O objetivo, this time around, é jogar luzes na quantidade (excessiva?) de palavras do idioma bretão que seduz uns e assusta outros, mas, surprisingly or not, pode ser ouvida, falada, lida e escrita com a maior ou sem a menor cerimônia, de norte a sul e de leste a oeste nesta terra tão cheia de brasileiros que sonham abandonar o país o quanto ontem possível.

Na realidade, muito além dos livros didáticos (tão subutilizados dentro e fora da sala de aula, coitados) e do material paradidático (cuja existência e relevância são geralmente ignoradas tanto por professores quanto por alunos), as palavras da língua inglesa são abundantes nas peças de vestuário, nos eletroeletrônicos e nos nomes dos jovens que frequentam as nossas escolas, locais estes em que, para muitos deles, o verbo estudar parece não ter razão de existir, embora suas camisetas, seus bonés, seus celulares e até mesmo suas tatuagens ostentem desenhos e palavras de ordem e progresso, quase sempre enaltecendo o ser ou não ser da linguagem e da cultura anglo-americana.

Independentemente desta realidade que nos rodeia e preocupa estudiosos como eu, porém, as English words se espalham cada vez mais entre todos nós (assim como as diversas formas de poluição que nos rodeiam) e podem ainda ser percebidas nos programas de TV, nos comerciais das emissoras de rádio, nas colunas dos jornais impressos, nas mais diversas seções das revistas de circulação nacional, nas letras grandes e miúdas das placas publicitárias (erroneamente chamadas no país de outdoors), nas letras das músicas (mesmo naquelas cantadas em português – ora, vejam vocês!), em algumas das cenas dos filmes nacionais, etcétera e tal.

Muito além dos nossos jovens, entretanto, nossas crianças, adultos e idosos, por intermédio da comida e do entretenimento, por exemplo, são também seduzidos diariamente por causa do bombardeio de palavras in English que são citadas em todo tipo de conversa e nas mais diversas situações possíveis e imagináveis. Eu, particularmente, já presenciei conversas em que o saber ou não saber inglês (seja lá o que isso significa para uns e outros) era ou estava associado ao grau de inteligência da pessoa que era o tema do comentário. Um absurd, na minha humble opinion…

Por fim, não posso deixar de citar o inglês que aparece nas fachadas das lojas, tema do meu livro mais recente (lançado em setembro deste ano), pois ele já me parece um pouquinho ultrapassado, caso levemos em consideração as muitas empresas com nomes na língua inglesa que já abriram (ou fecharam) as suas portas desde que ele foi colocado no mercado. E isso não me deixa triste de modo algum, pois esta é a dinâmica da vida: o vai e vem das coisas, o nascimento de uns para compensar a morte de outros – estejamos nos referindo a pessoas físicas ou jurídicas, palavras isoladas ou expressões.

E lembre-se, dear reader: perto para uns é longe para outros, bem como muito para mim pode ser pouco para você, e vice-versa. Okay?

Fonte | Jerry Mill | Mestre em Estudos de Linguagem (UFMT), presidente da Associação Livre de Cultura Anglo-Americana (ALCAA), membro-fundador da ARL (Academia Rondonopolitana de Letras), associado honorário do Rotary Club de Rondonópolis e autor do livro Inglês de Fachada

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