Presidente da companhia, Judynei Carvalho cita que procedimentos ocorrem dentro da legalidade

O Grupo Amaggi não sonega impostos das commodities que comercializa no exterior e no Brasil. Operações em paraísos fiscais como as Ilhas Virgens Britânicas existem, mas só dentro do padrão legal internacional do setor em que opera. Também não deixa de recolher Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços (ICMS) de incentivos fiscais e teria repassado a Mato Grosso mais de R$ 500 milhões em quatro anos só em Fethab. Quem garante as informações é o principal executivo do Grupo Amaggi, Judynei Carvalho.

Ele prestou esclarecimentos aos deputados nesta segunda feira (23), na Assembleia Legislativa, à Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) que investiga suspeita de sonegação de impostos e renúncias fiscais indevidas em Mato Grosso. Carvalho começou afirmando ao presidente da CPI, Wilson Santos (PSDB), que a Amaggi é constantemente fiscalizada por uma das cinco maiores empresas de auditoria empresarial do mundo e todo o rigoroso sistema de compliance internacional. “Recolhemos todos os impostos devidos, sejam eles de produção própria (em torno de 7% do total), sejam de outros produtores (quase 93%)”, disse o CEO da Amaggi, no cargo há dois anos.

Sobre a repercussão da acusação de remeter dinheiro a paraísos fiscais, investigadas durante a Operação Pecúlio, disse que a empresa, que cresce  a uma média de 15% ao ano e agora também é um banco, está totalmente sob controle, pois trata-se de um assunto já “esclarecido” e porque não existe absolutamente nada de verídico nas denúncias.

“A operação da empresa é exportar mercadoria. É óbvio que mandamos dinheiro para o exterior, o setor inteiro no mundo trabalha assim. Não é a Amaggi que envia o dinheiro para paraísos fiscais, é uma operação auditada e fiscalizada, como somos constantemente por uma das Big Five”, continuou.

Como uma empresa que quer ser multinacional, quer preencher os requisitos para isso, “para isso não podemos só ser legalistas, temos que demonstrar que somos legalistas; por isso agimos corretamente, queremos nos tornar uma grande multinacional no futuro”.

Ao ouvir de Wilson Santos que isso significaria que a companhia fundada nos anos 80 recolheria assim “zero de imposto para Mato Grosso” porque mais de 95% dessa comercialização é com o mercado internacional e portanto não recolhe ICMS, o executivo retrucou que geram 6.500 empregos diretos no total, grande parte deles no Estado, além de R$ 35 milhões de folha de pagamento mensal. Também falou que os insumos adquiridos pela empresa são tributáveis.

Wilson Santos falou, então, que com relação à Lei Kandir, a Amaggi deixa 0% de imposto porque não entrega produtos, só commodities. “Na cadeia como um todo, temos uma folha de mais de R$ 20 milhões mensais, temos muitos insumos para poder gerar, carregados de impostos, então, na cadeia inteira, a lei Kandir beneficia o produtor em última análise, nós ficamos no meio do caminho entre quem produz e quem consome, acho que o estado cresceu bastante e a lei é bastante importante para o estado. Acho que seria complicado o fim da lei Kandir em termos de impacto de produção”.

Wilson lembrou que naquele período de implantação da lei Kandir todos eles pagavam ICMS para o estado. “Hoje fiquei assustado por saber que 1 hectare de soja produz 3.340 quilos em média, quando começou em Mato Grosso não chegava a 1 milhão de toneladas e, neste ano, com algodão chegará a quase 70 milhões. Produz hoje 40% mais que a meta do presidente João Figueiredo para o país. Isso se deu em três décadas, com menos asfalto, ponte, energia e telefonia, além de pagar imposto. Será que já não deu pro produtor rural, que hoje produz e ganha muito mais?”, questionou Wilson.

A Amaggi é uma companhia de US$ 5 bilhões (ou algo em torno de R$ 21,8 bilhões, faturamento do ano passado), foi fundada em Mato Grosso e sua sede mundial, tem escritórios.

Fonte | Folhamax
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