Advogado Elizeu Trabuco convenceu os jurados de que a ré Silviani Ferreira enfrentava depressão profunda. Para a família, é o fim de uma fase de sofrimento e a chance de reescrever uma nova história.

O Tribunal do Júri absolveu por maioria de votos a agente de saúde Silviani da Silva Ribeiro Ferreira da acusação de tentativa de homicídio duplamente qualificado.

O julgamento aconteceu na tarde desta terça-feira, 17, no Fórum central de Rio Preto SP.

O conselho de sentença foi formado por quatro mulheres e três homens.

Na acusação, o promotor Marco Antônio Lélis Moreira argumentou que Silviani tentou matar o filho Thiago Ribeiro Ferreira para se vingar do marido, com quem enfrentava uma crise conjugal, e que o rapaz, na época com 19 anos, só não morreu porque foi socorrido a tempo pelo pai.

Já o advogado Elizeu Trabuco repercutiu o depoimento do psiquiatra Antônio Yacubian Filho, ainda na fase processual, em que afirmou que Silviani possivelmente já sofria com depressão meses antes de oferecer suco com chumbinho para o filho. O especialista acredita que a falta de tratamento possa ter resultado na atitude suicida/homicida da paciente, que foi assistida por ele no hospital psiquiátrico Bezerra de Menezes quando recebeu alta médica do Hospital de Base.

Silviani fez uso do direito constitucional ao silêncio e nada falou no julgamento.

Já o filho Thiago, vítima no processo, comemorou a absolvição da mãe.

“Ela já foi punida o suficiente pela própria consciência e também pela sociedade, porque faz quatro anos que minha mãe não consegue emprego e isso dificulta o sucesso do tratamento que ela continua fazendo. Nós, como família, permanecemos unidos, na esperança de dias melhores. O que aconteceu foi um surto, que já foi perdoado e superado por nós. Este é o fim de um capítulo de muito sofrimento pra gente”.

Thiago não sofreu nenhuma sequela do envenenamento.

O promotor Lélis afirmou que vai recorrer da decisão.

“O entendimento dos jurados é manifestamente contrário às provas dos autos e não vai ser difícil comprovar isso no Tribunal de Justiça”, afirmou.

Silviani não registrava antecedente criminal e respondeu a todo o processo em liberdade.

Entenda o caso

Em março de 2015, Silviani envenenou a si própria e ao filho, na época com 19 anos. O crime aconteceu na residência da família, no bairro Residencial Caetano.

Segundo informações do processo, a mulher enfrentava uma crise conjugal com o marido e decidiu se vingar. Naquela manhã de sábado, preparou um suco de laranja e acrescentou o veneno de rato conhecido como chumbinho. Ela encheu dois copos e serviu um para o filho, Thiago Ribeiro Ferreira.

Quando o jovem começou a passar mal, tentou pedir ajuda para a mãe, que estava deitada na cama e não respondia. Thiago tentou induzir o vômito mas não conseguiu, foi quando telefonou para o pai, pedindo socorro.

Aguinaldo Camilo Ferreira, 50, que estava trabalhando, colocou esposa e filho no carro e os levou para a UPA Norte onde as vítimas receberam os primeiros socorros. Diante da suspeita de envenenamento, ele retornou para casa e encontrou sobre a pia um frasco de raticida.

Mãe e filho foram transferidos para o Hospital de Base, onde permaneceram internados por uma semana na Unidade de Terapia Intensiva. Após receber alta médica, Silviani foi levada para o Hospital Psiquiátrico Bezerra de Menezes. Diagnosticada com depressão, ela passa por tratamento até hoje.

A mulher foi pronunciada por tentativa de homicídio duplamente qualificado: por motivo torpe e emprego de veneno, além do agravante de que o crime foi cometido contra descendente.

Fonte | CBN

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