O youtuber usa suas redes para difundir ataques e ofensas às minorias ao mesmo tempo que tenta posar de defensor da diversidade preocupado com a educação. Com o que ele se preocupa afinal?

Eis que esta semana, pegando carona em mais uma polêmica, surge o youtuber e digital influencer Felipe Neto no que chama de “campanha a favor da união, da diversidade, da aceitação do abraço” em favor de comunidade LGBT.

Mas como encaixar essa preocupação repentina com o que ele disse anteriormente em um de seus vídeos onde cria uma suposta divisão entre homossexuais, ridicularizando sua forma de falar e se referindo a eles como “‘viadinhos’ que querem aparecer”, com perdão do termo.

Em seus vídeos no YouTube – plataforma que hora critica, hora declara amor e gratidão – o rapaz grita, xinga, fala palavrões como vírgulas, incita o bullying e, além disso, revira os olhos e ataca quem pensa diferente dele. Não satisfeito com isso, costumeiramente Felipe Neto dita as regras do que seus seguidores devem fazer, com a autoridade de quem sabe que tem controle sobre eles.

E tem mais, pois ele continua: “nós não vamos perder, corujas loucas desse Brasil, sabe por quê? Porque vocês vão criar conta no YouTube. A partir de agora assistam todos os meus vídeos “logados”, crie uma conta no YouTube. É muito importante, porque você vai descobrir o milagre do ‘ser inscrito nos canais’. Crie a conta e se inscreve no meu canal. Aqui em baixo tem um botão.” E, para terminar sua convocação ditatorial como se fosse apenas um call to action, acrescenta sua marca: palavrões.

Sem falar de sua hipocrisia quando criticou veementemente artistas que deixam seus fãs esperando horas por uma foto em vez de os atenderem prontamente. Sobre isso, Felipe esbraveja: “Parem de reclamar! Para de falar que você tem que ser intocado, cara! Para de recusar foto com fã! O maluco que fica ali duas horas para tirar uma foto com você, ele está sofrendo mais do que você, desgraçado! Tira uma foto com seu fã, deixa de ser babaca!” E, mais uma vez, para finalizar sua fala, palavrões, claro!

Porém, essa mesma pessoa que chama de desgraçado e babaca quem deixa fãs esperando por fotos, postou um vídeo onde reclama de seus próprios fãs. Quando a situação o envolve, o discurso é totalmente diferente e ele apela, dizendo: “Galera, não sei se tá dando para ouvir…” – faz uma pausa para vazar o áudio dos gritos, com cara de sofrimento – e continua: “…Tá isso o dia inteiro… o dia inteiro… eu não sei mais o que fazer. As crianças estão descobrindo o endereço aqui e elas não tocam a campainha porque a segurança proíbe, só que elas ficam ali, do lado de fora, berrando o dia inteiro. E, assim… a gente não vai sair para atender! E aí tão berrando lá fora: ‘eu tô aqui há duas horas, vem aqui tirar foto!’ Gente, ninguém consegue entender que isso é errado? Pô, a gente tá dentro de casa… por favor, galera!”

Pai e mãe: se você educa seu filho para que ele não seja hipócrita, preconceituoso, não ridicularize as pessoas, não use palavrões em seu vocabulário e tenha empatia pelo próximo, Felipe Neto está na contramão de todo o seu trabalho árduo. Afinal, você orienta seu filho para que ele seja uma boa pessoa, mas Felipe Neto manda que ele seja outra. Quanto a mim, a cada dia mais agradeço pela escolha de não ter tido filhos.

Patricia Lages

É jornalista internacional, tendo atuado na Argentina, Inglaterra e Israel. É autora de cinco best-sellers de finanças e empreendedorismo e do blog Bolsa Blindada. Ministra cursos e palestras, tendo se apresentado no evento “Success, the only choice” na Universidade Harvard (2014). Na TV, apresenta os quadros “Economia doméstica” no programa “Mulheres” TV Gazeta e “Economia a Dois” na Escola do Amor, Record TV. No YouTube mantém o canal “Patrícia Lages – Dicas de Economia”, com vídeos todas as segundas e quartas.

Fonte | R7

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