Segundo dados do IBGE, a quantidade de divórcio de pessoas com mais de 60 anos quase dobrou na última década. Veja as dicas para esta nova fase

Faltavam seis meses para a comemoração dos 50 anos de casamento quando Hilda Biscardi, então com quase 70, decidiu se separar.

“O que eu gostava, ele não gostava, eu queria viajar, sair, trocar os móveis da casa, e ele naquela vidinha”, lembra. Professora aposentada, Hilda continua dando aulas de literatura infantil e garante que ter a própria renda ajudou na decisão. “Me casei com 21 anos, tive cinco filhos, mas nunca deixei de trabalhar. Sou muito independente, sempre fui, e ele se adaptou ao meu modo de ser”, acredita.

Depois de tanto tempo, ela resolveu que era hora de ter seu canto, morar sozinha e não dar satisfação para mais ninguém. De onde veio a coragem? “Não sinto que tive coragem. Eu sou uma pessoa que não tem medo, então não precisei de coragem”, explica Hilda, hoje com 77 anos.

Os especialistas em relacionamentos aconselham que para iniciar uma nova fase nesta etapa da vida é fundamental ter amigos, ocupar o dia com atividades e ter novos projetos, exatamente como fez Hilda.

“Fui viajar três vezes com as minhas amigas, saio, vou ao clube, faço academia, não que ele me impedisse, mas eu já fazia tudo sozinha. Viajar ele não queria, eu ia ele ficava, hoje tenho mais liberdade”, diz a professora, que após o divórcio tardio já foi a Portugal, Grécia e para João Pessoa, na Paraíba.

“Agora… é mais difícil de arrumar um namorado, mas já tive um”, confessa.

“Os homens geralmente se separam, não porque o casamento está ruim, mas para viver uma outra história. Elas normalmente saem sem ter outro parceiro, não para viver outro casamento e sim para protagonizar uma história”, explica a Denise Figueiredo, psicóloga e sócia-diretora do Instituto do Casal.

Em sua experiência clínica, Denise revela que os homens acima de 60 anos costumam procurar a terapia de casal com o objetivo de salvar o casamento, mas, normalmente, a mulher já chega decidida.

“Os homens ligam para marcar as sessões, para manter a relação. As mulheres pedem mais a separação. Há um movimento de as mulheres se sentirem mais fortalecidas, fazem parte de grupos de outras mulheres e decidem na terceira idade viver outros papeis na vida, além do de mãe e esposa. As faculdades da terceira idade, academias, são lugares que estão empoderando as mulheres”, acredita Denise Figueiredo.

O principal impedimento para elas é a questão financeira. “Normalmente são mulheres que investiram toda a vida na família e não se desenvolveram profissionalmente, o acaba acarretando dificuldades. Mesmo que tenha qualificação, as questões de idade e gênero vulnerabilizam muito mais a mulher”, analisa a terapeuta.

Fica a dica da dona Hilda: “Trabalhei minha vida inteira, nunca dependi dele. Tem de ser independente, não é bom depender nem do marido, nem dos filhos.”

Fonte | R7

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