Em diversos aspectos as pessoas têm agido imaturamente, sem pensar e sem medir as consequências de seus atos. Por que parecemos estar regredindo?

No meu trabalho como educadora financeira recebo inúmeros comentários todos os dias em minhas redes sociais e blog. Mas o que tem me chamado a atenção é que esse conteúdo parece ter sido redigido por crianças ou, no máximo, adolescentes, e não por adultos que se dizem formados, profissionais, formadores de opinião, pais e mães. Seguem alguns deles:

• “Já fui ameaçada de demissão, mas não consigo largar as redes sociais. Temos que deixar os celulares em um armário trancado, mas eu trago o meu escondido. O emprego que se dane… dinheiro não é tudo na vida!” • “Bebo muita água e gasto demais porque morro de vergonha de encher a garrafa no bebedouro da empresa”. • “Compro além da conta e sei que não tenho como pagar… Quando meu cartão parar de passar eu vejo o que fazer, mas por enquanto, vou ser feliz!” • “Por que você fica falando sobre juros e tal? Eu tenho direito de pagar o dobro pelo que quero, o dinheiro é meu! Pessoa mais chata, deixando de seguir em 3, 2, 1…” • “Não tenho como pagar o banco e não quero meu nome sujo. Você não diz que é ‘especialista em finanças’? Resolva isso, querida!”

Essas são apenas algumas das muitas “questões” que recebo e que me fazem tentar entender o motivo de as pessoas estarem agindo feito crianças birrentas… Infelizmente não tenho resposta para isso, mas apenas algumas reflexões que, talvez, abram os olhos de alguns para o amadurecimento que a vida adulta exige.

Parece que estamos vivendo em uma era pós-verdade, onde as pessoas acreditam piamente que podem criar uma realidade diferente da que existe. Há quem creia que “a sua verdade” esteja acima dos fatos e que, por ter esse superpoder, seus atos não trarão as consequências que, até ontem, eram naturais.

Vivemos dias em que as ideologias querem se impor sobre a ciência e os argumentos querem estar acima dos fatos. A ditadura do viver intensamente tenta ignorar a ordem natural das coisas e as pessoas mergulham nessa ilusão de peito aberto, sem reservas.

Criam-se bolhas, mundos paralelos, tribos e nichos, tudo devidamente travestido de diversidade e tolerância, mas que, na prática, só tem causado divisões, facções e cada vez mais nós contra eles.

O mundo pode ser muito moderno e avançado, mas causa e consequência é uma lei fixa que jamais mudará. O que plantamos hoje colheremos amanhã e nenhuma tecnologia ou inovação será capaz de mudar isso. Que nada nos desvie da verdade, pois fora dela, não há liberdade.

Patricia Lages

É jornalista internacional, tendo atuado na Argentina, Inglaterra e Israel. É autora de cinco best-sellers de finanças e empreendedorismo e do blog Bolsa Blindada. Ministra cursos e palestras, tendo se apresentado no evento “Success, the only choice” na Universidade Harvard (2014). Na TV, apresenta os quadros “Economia doméstica” no programa “Mulheres” TV Gazeta e “Economia a Dois” na Escola do Amor, Record TV. No YouTube mantém o canal “Patrícia Lages – Dicas de Economia”, com vídeos todas as segundas e quartas.

Fonte | R7

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