Câmeras de segurança da Penitenciária Central do Estado (PCE), em Cuiabá, registraram o momento em que um freezer ‘recheado’ de celulares chegou até a unidade, no dia 6 de junho. As imagens também mostram a chegada e o encontro de três policiais militares e os diretores da PCE.

Os cinco servidores foram presos na Operação ‘Assepsia’, realizada na última terça-feira (18). As investigações da Gerência de Combate do Crime Organizado (GCCO) apontam que os policiais tiveram a autorização dos diretores para entrar com um freezer recheado com 86 celulares na PCE.

Veja vídeo de chegada de celulares e encontro entre PMs e diretores:

Veja a lista dos presos

Revetrio Francisco da Costa – diretor da PCE

Reginaldo Alves dos Santos – subdiretor da PCE

Cleber de Souza Ferreira – Tenente da PM do 3º BPM

Ricardo de Souza de Oliveira – Subtenente da PM na Rotam

Denizel Moreira dos Santos Jr. – Cabo da PM na Rotam

Paulo Cesar da Silva – (conhecido como Petróleo) – líder de facção

Luciano Mariano da Silva – (conhecido como Marreta) – líder de facção

(Veja as versões dos suspeitos dos citados da matéria ao final da matéria).

O freezer seria entregue ao preso Paulo Cesar da Silva, conhecido como Petróleo. Ele e outro preso, Luciano Mariano da Silva, conhecido como Marreta, são líderes de uma facção criminosa e também foram presos na operação. Eles dividem a mesma cela.

Nas imagens, obtidas pela TV Centro América, é possível ver a chegada do freezer. O equipamento era transportado na carroceria de uma caminhonete que entra pelos portões principais da PCE. Dois agentes abrem o portão e o veículo entra, estacionando no pátio.

Uma pessoa não identificada dirigia o automóvel. Em seguida a câmera mostra dois agentes acompanhando os três policiais militares, todos sem farda. Os militares chegaram em outro veículo cerca de 40 minutos depois que o freezer foi deixado na PCE.

Eles são recebidos pelos diretores. Um preso é visto trabalhando no corredor onde eles passaram. A última gravação mostra o freezer sendo descarregado e levado para dentro da penitenciária.

A operação

A investigação começou no início do ano quando a GCCO acompanhava a movimentação das facções criminosas no estado. Para os delegados, a entrega dos celulares, promovida e arquitetada pelos servidores públicos, não foi a isolada e já ocorria há algum tempo.

“Os PMs negociaram a entrada do freezer na PCE com o diretor. Eles [os policiais] é que providenciaram o transporte do freezer até a penitenciária. O diretor e subdiretor promoveram a entrada [do equipamento]. Os policiais entraram [na penitenciária] após a entrega e estavam à paisana”, disse o delegado da GCCO, Frederico Murta.

Para a polícia, há provas suficientes que indicam a participação dos policiais e dos diretores na facilitação da entrega dos aparelhos aos líderes da facção.

No dia em que o freezer foi entregue, a polícia procurou o registro de pessoas suspeitas de terem levado o equipamento até a PCE. No entanto, não havia nenhum registro no controle interno da penitenciária.

Para a polícia, não há dúvida de que os diretores e os policiais receberam dinheiro ou outro tipo de favorecimento em troca da entrada dos celulares. A GCCO vai apurar a participação e envolvimento de cada um.

Audiência de custódia

Em audiência de custódia, no Plenário da Justiça Militar do Fórum de Cuiabá, a juíza Ana Cristina Silva Mendes manteve a prisão preventiva dos cinco servidores públicos.

Revétrio Costa e Reginaldo Santos foram encaminhados para o Centro de Custódia de Cuiabá (CCC), Cleber Ferreira para o Terceiro Batalhão de Polícia Militar, e Ricardo Oliveira e Denizel Moreira para o Batalhão de Operações Especiais (Bope).

Outro lado

Em nota, a Associação dos Oficiais da Polícia e Bombeiro Militar de Mato Grosso (ASSOF) disse que os três policiais atuam no serviço de inteligência da Polícia Militar.

“Em conversa com os militares, verificamos que na verdade, a prisão deles teria ocorrido por um equívoco, pois o que eles teriam ido fazer na unidade prisional era se reunir com o reeducando para colher informações de ações criminosas que estariam prestes a ocorrer em Cuiabá”, disse a associação.

O tenente Ferreira explicou à associação que ‘a atuação dele e dos demais policiais militares no caso concreto, era de conhecimento dos seus superiores hierárquicos, tanto no batalhão quanto no comando regional’.

Carlos Frederick, advogado dos diretores, disse que é preciso ter cautela nas conclusões sobre o episódio e alerta que há um julgamento injusto contra os servidores.

“Os celulares foram apreendidos pelas ações dos próprios agentes penitenciários, sob o comando dos diretores. A entrada do freezer foi liberada pelo diretor dentro do procedimento legal e dentro daquilo que a lei estabelece. A pedido dos policiais foi disponibilizada a entrada do freezer para atender o pedido do detento que seria informante dos policiais”, salientou.

Fonte | G1

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