Uma tragédia chocou a comunidade Beira Rio, na Pavuna, na Zona Norte do Rio, na quarta-feira. Uma adolescente de 16 anos foi vítima de feminicídio dentro da casa onde morava com a mãe e três irmãos. Ana Cristina de Oliveira Sacramento estaria grávida e foi atingida por um tiro na cabeça disparado pelo namorado, Orlando Farias Silva, de 21 anos. O tiro foi dado por volta de 13h. O namorado tentou esconder o crime dizendo que ela teria reagido a um assalto numa praça no Jardim América, onde estariam lanchando. À noite, depois de ajudar a socorrer a jovem levando-a até o Hospital Estadual Getúlio Vargas, na Penha, Orlando Farias foi morto com dois tiros, supostamente por traficantes da comunidade, em represália à morte de Ana Cristina, que não resistiu aos ferimentos e morreu na sala de cirurgia depois de sofrer quatro paradas cardíacas.

A família da vítima não sabia do namoro e só descobriu a gravidez após a morte de Ana Cristina. O próprio namorado declarou a funcionários do hospital que a garota estava grávida. Segundo uma tia da jovem, Daiana Azzor, de 30 anos, ninguém sabe o motivo do tiro disparado contra a garota.

– Só hoje viemos descobrir que ela estava grávida. Tanto que nem sabemos o tempo de gestação. O pai provavelmente seria ele. O motivo do crime ninguém sabe. Ela estava em casa. E ele saiu gritando no meio da rua “socorro, socorro, socorro”. Os moradores se aglomeraram. O povo da comunidade é muito solidário. Um está sempre ajudando o outro. Ela toda ensanguentada e todo mundo perguntando o que aconteceu. Ele começou a falar “a bala estourou, a bala estourou”. Ele próprio e outras pessoas puseram ela dentro de um carro e levaram para o hospital. Chegando lá é que soubemos que ela tinha levado um tiro na cabeça. Foi para a sala de cirurgia. Ele disse ao policial de plantão que estava numa praça com ela lanchando e que veio um cara, anunciou um assalto, ela reagiu e levou um tiro na cabeça. Mentira! Foi ele quem matou ela. A mãe, que trabalha na Ceasa, em Irajá, encontrou a casa toda ensanguentada, com massa encefálica caída no chão – contou Daiana no Instituto Médico-Legal (IML), onde esteve em companhia da família.

Parente consola Kelly, a mãe da jovem grávida morta pelo namorado com um tiro na cabeça
Parente consola Kelly, a mãe da jovem grávida morta pelo namorado com um tiro na cabeça Foto: Pedro Teixeira / Agência O Globo

A mãe, Kelly, estava inconsolável no IML e não quis dar entrevista. A família se sentiu constrangida ao saber que a família do atirador também estava no IML. Orlando Farias foi morto por volta das 20h quando ia para casa, no Jardim América. Ele foi atingido por dois tiros, correu, mas acabou não resistindo. Ele foi encontrado morto no pátio de uma igreja evangélica na Rua Gelabert Simas. No Boletim de Ocorrência feito por policiais do 16º BPM (Olaria) PMs anotaram que, de acordo com informações da Delegacia de Homicídios (DH) da capital, Orlando estaria envolvido na morte da mulher grávida que foi socorrida no Hospital Estadual Getúlio Vargas.

– O sentimento da família é de dor, revolta, uma mistura de tudo. Uma garota jovem, bonita, que tinha uma vida pela frente. A vida dela ser interrompida dessa forma é completamente revoltante. Ela era uma menina tranquila, trabalhadora desde muito nova. Sempre trabalhou com a mãe vendendo cafezinho, água, lanche na Ceasa. No momento ela não estava estudando para poder ajudar a mãe. Ia voltar a estudar à noite em breve. Soubemos que foi esse cara que a matou quando a mãe dela falou. Ela disse: “ele matou a minha filha”. Um morador contou que ele saiu com ela nos braços dizendo que a “bala estourou, a bala estourou”. Havia muito sangue na casa. Os moradores se reuniram e limparam a casa para a mãe chegar e não se deparar com aquela situação. Até pedaços de massa encefálica tinha pelo chão da casa – lamentou Daiana, tia da jovem.

Fonte | Extra

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