Na noite da sexta-feira, 15, meio a contragosto, eu estive pela primeira vez no novo Estádio Municipal Engenheiro Luthero Lopes, também conhecido como Caldeirão, inaugurado no já longínquo mês de março do ano 2000, uma explícita homenagem a aquele que foi o terceiro prefeito do município, no período de 1958 e 1962.

Ocorre, porém, que eu não fui lá exatamente para ver a partida oficial entre o União e o Dom Bosco, por mais uma rodada do (nada empolgante) Campeonato Mato-Grossense de 2019. Na verdade, eu combinei previamente de encontrar um amigo por lá, que, por algum motivo a saber, acabou não aparecendo ou atendendo o celular. Eu pelo menos fiz a minha parte do combinado e findei vendo e falando com muitos conhecidos que lá estavam, inclusive algumas pessoas que eu não via há muito tempo.

Entretanto, o interessante mesmo, e o que mais valeu a pena nessa minha miniaventura no Estádio, foi o comentário de três ou quatro pessoas com que eu conversei nas arquibancadas. Para elas, eu podia/devia “escrever umas linhas” sobre as palavras da língua inglesa que temos (e usamos assiduamente) no nosso futebol – vocábulo este que, a propósito, vem da vertente britânica football, pois, via versão americana, ele é conhecido como soccer. Minha resposta para elas: vou pensar em algo. Mas, como eu não sou de pensar demais (meu território é o da ação), eis o resultado.

Well, além do próprio termo football, palavras como goal (gol), team (time), penalty (pênalti), fan (fã, torcedor), substitute (substituto, reserva), to dribble (driblar) e tantas outras que, de tão usadas e popularizadas, acabaram por ser aportuguesadas e acondicionadas ao vocabulário dos apaixonados por esse esporte espalhados pelo país inteiro. Sem contar as palavras mantidas no idioma de origem, mas que, por causa dos meios de comunicação, em especial por influência do rádio e da televisão, além dos videogames e da Internet, são usadas com a maior naturalidade, como se fossem nossas, como é o caso de coach (técnico), corner (escanteio), fair play (jogo limpo), foul (falta), half time (intervalo), game ou match (partida), playoffs (mata-mata), card (cartão), net (rede) e, mais recentemente, VAR (video assistant referee, ou seja, o tal polêmico ‘árbitro de vídeo’) e best of the match (o melhor da partida).

Ora, sinceramente, eu ouvi muito pouco desse tesouro linguístico o durante o pouco tempo em que eu estive na casa do Vermelhinho, mas eu vi também pouco futebol de qualidade por parte das duas equipes. On the other hand, ouvi muitos gritos e palavrões pipocando aqui e ali – sendo que alguns deles foram proferidos por lindas (e até então sedutoras) bocas femininas!

Resumo da ópera: não foi de todo mal eu ter ido ao Estádio. Apesar do barulho exagerado para um público tão pequeno e do vai e vem das pessoas, sempre tão irrequietas e famintas ou sedentas. Ainda assim, valeu a experiência de estar lá, mesmo que por alguns preciosos minutos, ao lado do meu filho Victor Alexander, que também nunca tinha estado lá antes! Entretanto, eis uma experiência que eu não quero repetir tão cedo, pois (desculpe a sinceridade) eu ainda prefiro estar em lugares mais calmos e aconchegantes. Afinal, por mais contraditório que isso soe aos seus ouvidos, as multidões me fazem sentir solitário. Coisa minha. Loucura da minha cabeça. Chame do que você quiser…

Ah, e quanto à língua inglesa, essa deve continuar a alegrar e chatear muita gente ainda por aí. No big deal, convenhamos. Afinal, é exatamente o que faz o futebol, a política, a economia, a família da gente, a pessoa amada and so on.

Fonte | Jerryb Mill – Mestre em Estudos de Linguagem (UFMT), presidente da Associação Livre de Cultura Anglo-Americana (ALCAA), membro-fundador da ARL (Academia Rondonopolitana de Letras), associado honorário do Rotary Club de Rondonópolis e autor da biografia Lamartine da Nóbrega – Uma História Como Nenhuma Outra

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