Em email enviado ao religioso, criminoso diz que ‘relação amorosa’ seria divulgado caso polícia fosse avisada. MP afirma que mensagens usadas na chantagem eram falsas. Pároco diz que ‘ninguém pode ceder às ameaças’

O hacker Welton Ferreira Nunes Júnior, um dos cinco condenados pela Justiça por extorquir R$ 2 milhões do padre Robson de Oliveira Pereira, ameaçou divulgar informações sobre um suposto relacionamento amoroso da vítima. Em um relato, que consta na denúncia do Ministério Público, o criminoso afirma que se o pároco “envolver autoridades policiais”, o caso iria se tornar público.

Tanto a Polícia Civil quando o Ministério Público, que investigaram o fato, informaram que as mensagens mencionadas pelos condenados com o intuito de chantagear o padre eram falsas.

A ameaça consta em um email enviado para o padre, em março de 2017. Segundo as investigações, Welton, foi quem enviou a mensagem, usando a alcunha de “Detetive Miami”. No texto, ele diz que foi contratado para descobrir informações sobre o padre e envia em anexo cópias das contas de email, celular e contas sociais do religioso, que tinham sido hackeadas.

A primeira exigência do hacker foi R$ 2 milhões. O valor foi transferido das contas da Associação Filhos do Pai Eterno (Afipe), que cuida da Basílica de Trindade, Região Metropolitana de Goiânia, e é controlada pelo padre.

Conforme a apuração, os criminosos conseguiram sacar R$ 300 mil. Já o restante foi bloqueado.

Padre Robson foi vítima de extorsão de R$ 2 milhões — Foto: Afipe/Divulgação

Padre Robson foi vítima de extorsão de R$ 2 milhões — Foto: Afipe/Divulgação

Depois disso, o grupo passou a exigir mais dinheiro, em espécie. Foi quando o padre entregou celulares e computadores para a polícia, que começou a se passar pelo religioso, negociando os valores.

Valores de R$ 500 mi, R$ 80 mil e R$ 50 mil foram repassados. Até que a polícia armou um flagrante para passar R$ 700 mil. Outro integrante do grupo, um policial militar aposentado foi preso e indicou os outros integrantes.

‘Ninguém pode ceder às ameaças’

Em conversa pelo WhatsApp com o jornalista Handerson Pancieri, da TV Anhanguera, na manhã desta sexta-feira (15), o padre Robson comentou o assunto. Ele afirmou que a condenação fez justiça ante aos fatos.

“Ninguém pode ceder às ameaças. Mesmo que sejam falsas. Justiça foi feita”, afirmou.

Além disso, o pároco também afirmou que vai rezar pela conversão dos condenados “que escolheram o mundo do crime como modo de vida”.

O padre é responsável pelo Santuário Basílica de Trindade, na Região Metropolitana de Goiânia, cargo que ocupa pela segunda vez.

Padre Robson é o responsável por administrar a Basílica de Trindade — Foto: Murillo Velasco/G1

Padre Robson é o responsável por administrar a Basílica de Trindade — Foto: Murillo Velasco/G1

Condenação

Além de Welton, outras cinco pessoas foram condenadas por extorsão. As penas variam de 9 a 16 anos de prisão. O hacker já havia sido preso em 2016, em uma operação contra um grupo especializado no roubo de gado, em Goiás. Segundo a polícia, ele tinha uma vida de luxo e patrimônio avaliado em R$ 6 milhões.

Entre os outros condenados, estão um policial civil e um policial militar aposentado.

A assessoria da Polícia Civil informou que o agente está preso preventivamente desde fevereiro e que já tinha sido detido anteriormente, em 2016.

Já a PM afirmou que, pelo fato do militar ser aposentado, vai responder ao processo somente na Justiça comum.

Por meio de nota, a Afipe disse que “não teve nenhum prejuízo financeiro e todo o valor já voltou para a instituição”. Também no texto, o órgão elogiou os trabalhos de investigação e a condenação. Por fim, a Associação afirmou que “Padre Robson reza pela conversão e salvação destas pessoas”.

Fonte | G1

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