Craque, cuiabano Kenedi Lucas foi visto por olheiros em competições amadoras, antes de ir para o Flamengo, no Rio

O jogador cuiabano, de 14 anos, que escapou do incêndio no Flamengo, correndo na madrugada, após ouvir estouro, já voltou para Cuiabá.

Foram suspensos os treinos no Centro de Treinamento Ninho do Urubu, que o time mantém no Rio e incendiou na madrugada desta sexta (9). O incêndio provocou 10 mortes.

Com isso, surgiram supostas irregularidades no prédio do CT e também em contratos do Flamengo com os atletas menores de idade, que serão averiguadas.

Neste contexto, os sobreviventes –  abalados com as perdas – foram liberados para irem para casa temporariamente.

Kenedi Lucas chegou de avião ao Aeroporto Marechal Rondon, em Várzea Grande, e de lá seguiu para casa da avó, com quem mora no Praeirinho, na Capital. Está abalado, chorando muito pela morte dos colegas de equipe. De acordo com informações da imprensa nacional, já foram identificados os corpos dos 10 jogadores, com quem o cuiabano confraternizava na rotina dos treinos. Estão mortos. São adolescentes de 14 a 16 anos, em quem o time apostava. Eram promessas de futuro.

Muito abalado, chorou muito a perda dos colegas” (Técnico Délrik Brunne)

O IML do Rio já liberou na manhã deste sábado 4 corpos para sepultamento, apenas o de um deles, Pablo Henrique, já está a caminho de Oliveira (MG), onde será enterrado. Kenedi, para alegria de parentes e amigos, voltou para casa sã e salvo.

“Mas muito abalado, chorou muito, é um garoto carismático, conquistador. Se você conversar com ele por um minuto, ele te conquista. É comunicativo, carinhoso e estava muito bem adaptado, já há 7 ou 8 meses no Rio, com os colegas, muitos dos quais agora perdeu”, detalha Délrik Brunne, tutor de Kenedi em Cuiabá. A coordenação do Flamengo solicitou a ele silêncio. “Me pediu para proteger o garoto, deixar que fique um pouco com a família, porque ele está em choque”, comenta Délrik, que é dono da Academia do Futebol, escolinha onde o “guri” começou a treinar e de onde saiu para galgar seus planos em grandes times.

Délrik também foi jogador de futebol. Jogou no Cuiabá, no União e, fora de Mato Grosso, no São Paulo. Sabe bem o quanto esses meninos desejam traçar uma vida profissional e muitos deles – como é o caso de Kenedi – querem também melhorar de vida.

Ele relata que Kenedi é de família “humilde”. A mãe não mora em Cuiabá. O pai é espécie de transportador. O menino é criado pela avó. Bom de bola, se destacou pela habilidade. Por 1 ano e meio treinou na Academia do Futebol. “É craque”, afirma o professor Délrik. Em competições fora do Estado paralelos às oficiais, olheiros espiam atletas amadores e oferecem contratos com grandes times, para um início de carreira, apoio técnico, alimentação adequada, formação ampla, para que um dia seja profissional. Kenedi foi visto. Pouco tempo depois, já estava no Rio.

Assim como Kenedi, só da Academia do Futebol tem cuiabanos, menores de idade, treinando na base do Corinthias, Ponte Preta e Coritiba. “É um sonho ir para fora, eles gostam, a família apoia”.

Fonte | RD News
Print Friendly, PDF & Email
(Visited 1 times, 1 visits today)