O secretário de Saúde de Mato Grosso, Gilberto Figueiredo, afirmou nesta terça-feira (15), em entrevista ao jornal Primeira Página, da rádio Centro América FM, que o estado não terá condições financeiras de repassar R$ 82 milhões para a Prefeitura de Cuiabá, referentes ao convênio firmado entre governo e município para equipar o novo Pronto-Socorro da capital.

O termo de compromisso foi assinado entre o então governador Pedro Taques (PSDB), autorizando os repasses para a aquisição de equipamentos e mobiliário para a unidade, que foi inaugurada em dezembro, mas que ainda não está funcionando.

Segundo o secretário, praticamente 25% do orçamento da Saúde para 2019 já está totalmente comprometido pelas dívidas herdadas da gestão anterior e cita hipótese de decretação de calamidade pública. “O governo não tem como pagar R$ 82 milhões para Cuiabá. Infelizmente nos últimos anos, o conceito estabelecido nesse governo é de calote. Esse novo governo está estudando como resolver isso. Hoje é impossível. Por isso, às vezes se cogita a decretação de calamidade pública no setor financeiro”, afirmou.

Figueiredo explicou que o estado tem dívidas com quase todas as prefeituras de Mato Grosso e que a receita que existe atualmente para o setor é insuficiente, principalmente ao considerar a crescente demanda do Sistema Único de Saúde (SUS). “O orçamento é de R$ 2,98 bilhões, como o problema da saúde não é algo específico de um estado ou município, ele tem conjuntura nacional. Se todos os problemas de saúde no estado de Mato Grosso fossem resolvidos e o nível de qualidade fosse um dos melhores, mesmo assim não teríamos resolvido”, disse, ao citar que existe uma avalanche de usuários do SUS em busca de serviços no estado.

Para o secretário, existe um sistema que opera com a desorganização do estado e que leva vantagem, citando falhas no sistema de regulação para cirurgias e nas prescrições e distribuição de medicamentos de alto custo. Ele disse que o diretor da Santa Casa de Rondonópolis, a 218 km de Cuiabá, confidenciou a ele que os médicos estavam “pedindo pelo amor de Deus” para que mandassem pacientes que precisavam de cirugia cardíaca, porque eles já tinham zerado a fila com essa demanda. “Nós só temos uma fila, então a pergunta é onde está o sistema de regulação? Porque temos aqui uma fila de pessoas que estão esperando há anos para fazer uma cirugia cárdiaca e lá os médicos estão ociosos? É porque o sistema de regulação não funciona na prática”, avaliou.

Ainda de acordo com o secretário, na lista de medicamentos elencados pela Secretaria de Saúde e patrocinados pelo Ministério da Saúde não consta uma série de medicamentos que são prescritos pelos médicos. Ele explicou que, se o médico prescrever um remédio que não está nessa lista, o paciente vai procurar na Fármacia de Alto Custo e não vai encontrar.

Na sequência, surge outro problema, a falta de capacidade do estado em comprar medicamentos, já que os fornecedores que têm dinheiro a receber não fazer vender para o governo, assim como as empresas que prestam atendimento de home care.”Tem fornecedores que estão fornecendo há oito meses sem receber. Nós temos hoje em atendimento na home care. São 88 pacientes no estado, tem pacientes que estão assim desde 2014 e a empresa não cedeu sequer um centavo. É preciso entender essa angústia do fornecedor porque ele tem sido parceiro mas chega num momento em que não existe mais possibilidade dele fazer o fornecimento. Nesse momento nós estamos até impedidos de fazer alguma proposta de tamanha complexidade desse caos”, afirmou.

Fonte | Folhamax

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