O governador do Ceará, Camilo Santana, afirmou nesta sexta-feira (11) que vai apresentar um projeto de lei que beneficia pessoas que denunciarem autores de ataques violentos no estado.

A Lei da Recompensa prevê pagamento em dinheiro por informações repassadas pela população à polícia e que resultem na prevenção de atos criminosos e prisão de bandidos envolvidos nas ações, de acordo com Camilo Santana. Se aprovada, o Governo do Estado será responsável pelo pagamento da recompensa. Os valores e os detalhes do projeto não foram informados.

A lei será votada neste sábado (12) na Assembleia Legislativa do Ceará, em sessão extraordinária e urgente, como tentativa de conter a onda de crimes que ocorre no estado desde 2 de janeiro. São mais de 190 ataques coordenados por facções criminosas. Mais de 300 suspeitos foram presos, de acordo com a Secretaria da Segurança Pública.

Força Nacional reforça a segurança no Ceará após série de ataques criminosos — Foto: Reprodução/DN

Força Nacional reforça a segurança no Ceará após série de ataques criminosos — Foto: Reprodução/DN

“Não aceitamos que, aqui no Ceará, criminosos presos continuem dando ordem de comando de dentro das prisões, como acontece há décadas em todo o Brasil”, afirmou Camilo Santana.

Além da Lei da Recompensa, os deputados estaduais do Ceará vão votar neste sábado:

  • Convocação de policiais militares que estão na reserva para que ajudem a reforçar a tropa cearense que está em operação.
  • Aumento da quantidade de horas extras que podem ser pagas a todos os policiais, civis e militares, além dos bombeiros, de forma com que haja aumento da força de trabalho.
  • Autorização da convocação imediata de mais 220 agentes penitenciários para atuar no sistema do estado, além dos outros 220 que já havia convocado na semana passada.

“Essas medidas, além de todas que já tomamos, tem o objetivo de fortalecer o esquema de segurança de nosso estado no duro combate ao crime organizado, que atua nas ruas e no sistema penitenciário”, disse o governador, em pronunciamento em redes sociais.

Reação contra ataques

Em Fortaleza, criminosos tentam explodir viaduto por onde passa metrô — Foto: Reprodução/JN

Em Fortaleza, criminosos tentam explodir viaduto por onde passa metrô — Foto: Reprodução/JN

A votação emergencial, em meio ao recesso parlamentar, é uma ação do Governo do Estado contra a onda de violência que ocorre no Ceará. Membros de facções rivais se uniram contra o governo, após o secretário da Administração Penitenciária do Ceará, Mauro Albuquerque, anunciar mais rigor na fiscalização dos presídios.

Mauro Albuqurque, ao assumir o cargo criado em 1º de janeiro deste ano, prometeu acabar com a entrada de celulares nas prisões e com a divisão de presos segundo a facção à qual pertencem. Os ataques são uma tentativa de fazer com que o estado recue.

O governador Camilo Santana afirmou, também em rede social, que “não há recuo”.

“Governo, Poder Legislativo e Judiciário do Estado, além do Ministério Público e entidades civis, estão todos unidos. Assim como estamos unidos ao Governo Federal, através dos ministérios da Defesa, e da Justiça e Segurança Pública, para enfrentar o crime que tenta se impor contra o nosso estado e contra o país. Não há recuo! O estado é mais forte!”, afirmou.

Entenda o que está acontecendo no Ceará

Guardas municipais escoltam caminhões de lixo em Fortaleza após ataques — Foto: Theyse Viana/Sistema Verdes Mares

Guardas municipais escoltam caminhões de lixo em Fortaleza após ataques — Foto: Theyse Viana/Sistema Verdes Mares

  • O governo criou a secretaria de Administração Penitenciária e iniciou uma série de ações para combater o crime dentro dos presídios.
  • O novo secretário, Mauro Albuquerque, coordenou a apreensão de celulares, drogas e armas em celas. Também disse que não reconhecia facções e que o estado iria parar de dividir presos conforme a filiação a grupos criminosos.
  • Criminosos começaram a atacar ônibus e prédios públicos e privados. As ações começaram na Região Metropolitana e se espalharam pelo interior ao longo da semana.
  • O governo pediu apoio da Força Nacional. O ministro da Justiça e Segurança Pública, Sérgio Moro, autorizou o envio de tropas; 406 agentes da Força Nacional reforçam a segurança no estado.
  • A população de Fortaleza e da Região Metropolitana sofre com interrupções frequentes no transporte público, com a falta de coleta de lixo e com o fechamento do comércio.
  • Onda de violência afastou turistas e fez a ocupação hoteleira no estado cair de 85% para 65%.

Fonte | G1

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