Três policiais militares foram denunciados pelo Ministério Público Estadual por homicídio triplamente qualificado contra o tenente do Batalhão de Operações Especiais (Bope) Carlos Henrique Paschiotto Scheifer, em maio de 2017, em Matupá, a 696 km de Cuiabá. A reportagem ainda não localizou a defesa dos denunciados Lucélio Gomes Jacinto, Joailton Lopes de Amorim e Werney Cavalcante Jovino.

Na denúncia, o MPE diz que os militares cometeram o crime porque queriam evitar que a vítima adotasse medidas que pudessem resultar responsabilizá-los por desvio de conduta em uma operação que resultou na morte de um dos suspeitos de roubo na modalidade “Novo cangaço”.

Scheifer foi atingido com um disparo efetuado pelo próprio colega de farda na região abdominal em um local que havia sido no dia anterior palco de confronto entre policiais e suspeitos de roubo.

O caso também foi investigado pela Corregedoria da Polícia Militar, que apontou que os policiais envolvidos inventaram um confronto para encobrir a morte do tenente. Ainda em 2017, o inquérito policial militar foi encaminhado ao MPE.

Segundo o Ministério Público, os fatos começaram com a perseguição da viatura da polícia, cuja equipe estava sob o comando da vítima, a duas caminhonetes em que estavam os suspeitos do roubo. Na ocasião, um dos veículos sumiu durante a fuga e o outro perdeu o controle na estrada, quando quatro dos ocupantes já desceram efetuando vários disparos contras os policiais.

A tentativa de prender os assaltantes que, inicialmente, parecia ter sido frustrada acabou obtendo êxito no dia seguinte com apoio de outros militares que atuavam em cidades próximas.

Um dos veículos foi localizado em um posto de combustível em Matupá e o motorista Agnailton Souza dos Santos foi preso.

Com base nas informações obtidas no interrogatório do acusado, a equipe liderada por Scheifer fez um cerco policial a um imóvel localizado em um bairro de Matupá, para prender outros suspeitos.

Durante a ocorrência, um deles, que supostamente portava arma de fogo, teria tentado evadir-se do local e foi atingido por um disparo de fuzil efetuado por um dos policiais.

“Conforme restou apurado nos presentes autos, a lavratura do supracitado boletim de ocorrência foi objeto de divergências e até mesmo de desentendimento entre a vítima, e o denunciado cabo Lucélio Gomes Jacinto, pois, há fundadas suspeitas que fora inserida, no referido BO, declaração falsa, com o fim de alterar a verdade sobre fato juridicamente relevante, no que diz respeito às circunstâncias da morte do indivíduo Marconi Souza Santos”, diz o promotor de Justiça Allan Sidney do Ó Souza, na denúncia.

Segundo ele, testemunhas relaram durante inquérito policial que presenciaram o desentendimento entre a equipe e o tenente Scheifer. Em um determinado momento, os denunciados teriam se reunido às portas fechadas para conversar sobre o ocorrido.

A morte

No mesmo dia, durante buscas no local do primeiro confronto com os ocupantes dos veículos, o tenente Scheifer foi atingido por disparo de arma de fogo na região do abdômen.

Inicialmente, conforme o Ministério Público, os colegas de farda sustentaram que a vítima havia sido atingida por disparo efetuado por suspeito não identificado, que estaria em meio à mata, do outro lado da rodovia. Após a realização do laudo pericial ficou comprovado que o projétil alojado no corpo do tenente partiu de um fuzil portado pelo cabo PM Lucélio Gomes Jacinto.

O promotor disse que nenhuma das versões apresentadas pelo autor dos disparo foi plausível. O MP concluiu que a vítima foi atacada de frente e o denunciado afirma que ela estava de costas e, em posição de descanso, embora o acusado assevere que o ofendido se apresentava em posição de tiro, de ataque.

Fonte | G1

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