Em depoimento, a atriz, que sempre se depilou desde muito novinha, falou sobre como aprendeu a respeitar as decisões dos outros e, então, encontrou a liberdade na sua própria escolha. Ela lidera a campanha Livre, sim; pelo direito da mulher de fazer suas próprias escolhas.

Comecei a fazer depilação com cera muito novinha. Sempre doeu muito, mas sempre achei que aquilo era o certo e o belo a ser feito. Nos últimos anos, entendendo a construção dessa visão, me esforcei para ver os pelos de outras maneiras.

Comecei não julgando as mulheres que tinham pelos, entendendo que cada uma faz o que tem vontade com seu próprio corpo. Depois, aos poucos, comecei a achar libertadora essa vontade e atitude delas e me perguntar o que eu realmente queria no meu corpo. Nunca antes eu tinha me feito essa pergunta. Por algumas vezes, respondi a mim mesma que preferia raspar. Estava feliz com minha escolha, mas, mais ainda, estava feliz em poder escolher raspar, porque durante todos aqueles anos eu não escolhia, só raspava.

Eu achava que era obrigatório mulher arrancar os pelos. Comecei, então, a achar mais que libertador: comecei a achar bonito outras mulheres com pelos. Comecei a olhar para os homens e achar estranha essa diferença que a sociedade enxergava apenas pela simples questão de serem homens x mulheres.

Continuei me perguntando, feliz com meu poder de me perguntar: o que eu quero? O que eu gosto? Um dia, então, essa resposta foi diferente: fiquei com vontade de experimentá-los, de tê-los. Vê-los em mim e tocá-los enquanto passo creme no corpo, por exemplo. De não ter mais que lidar com aquela dor insuportável, nem com o preço da depilação, nem com o tempo gasto nisso, nem com aqueles chatíssimos pelos encravados.

E de um jeito que eu não esperava, comecei a achar muito bonito os pelos em mim, também. Aprendi que liberdade e amor é respeitar as escolhas das outras pessoas, quando essas escolhas não violentam ninguém. E poder acessar meu coração e responder, sem amarras: o que eu quero? O que eu gosto? De que jeito me sinto bem?

Fonte | Revista Marie Clairie

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