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Brasileira PhD em Harvard, supera fome e preconceito e soma 56 prêmios na carreira

Nascida na cidade de Franca, interior de São Paulo, filha de uma empregada doméstica e de um profissional de curtume.

A mãe empregada doméstica, ensinou a filha ler através de jornais na casa da patroa para que a Joana ficasse quieta enquanto ela trabalhava.

“Um dia, a diretora da escola Sesi foi visitar a dona da casa e perguntou se eu estava vendo as fotos do jornal. Respondi que estava lendo. Ela se surpreendeu, me pediu para ler um pedaço e eu li perfeitamente. Coincidentemente, era começo de fevereiro e ela sugeriu que eu fosse uns dias na escola. Se eu conseguisse acompanhar, a vaga seria minha. Deu certo e com 14 anos eu já terminava o ensino médio”

Ela escolheu cursar química pois estava acostumada a ver profissionais da área atuando com o couro, devido ao trabalho de mais de 40 anos do seu pai. “Uma professora tinha um filho que fez cursinho e pedi o material para ela. Meu pai e minha mãe não tinham estudo, mas me incentivavam. Eles tinham consciência de que eu só cresceria através de estudos”, relembra. “Passei a estudar noite e dia até entrar na Unicamp [Universidade Estadual de Campinas].”

A pesquisadora relembra do preconceito que sofreu, porém não se deixou abalar até conseguir o tão sonhado diploma. “O Brasil ainda é um país racista. Pode estar um pouco mais escondido, mas isso ainda existe. Mas não usei isso como obstáculo, e sim como uma arma para subir na vida”

Durante a faculdade, passava fome e pensou em desistir, mas seguiu em frente com determinação. A situação só melhorou quando ganhou um auxílio para a iniciação científica. “Quando recebi a primeira bolsa, corri para a padaria e gastei uns R$ 50 em doces para matar a vontade.”

Estimulada por professores a seguir na vida acadêmica e encantada pelo campo de pesquisa, Joana ainda concluiria mestrado e doutorado em Campinas – este último com apenas 24 anos. Um dos artigos da cientista saiu no Journal of American Chemical Society, e logo ela recebeu o convite para seguir os estudos nos Estados Unidos.

Concluiu o seu pós doutorado na Universidade de Harvard. Foi solicitado que ela aplicasse em seu trabalho um problema brasileiro, e ela optou pelos resíduos de curtume nas fábricas de calçados – ela desenvolveu dessas substâncias poluentes um fertilizante organomineral.

Joana foi questionada sobre a condição de trabalho em solo americano e no seu país natal, a cientista apontou um fator que faz muita diferença. “Nos Estados Unidos, eu pedia um reagente químico e em duas ou três horas conseguia. No Brasil, até eu arrumar dinheiro, fazer solicitação… Aqui tem mais burocracia. A questão de financiamento para pesquisa é bem mais rápida nos Estados Unidos”.

A morte de sua irmã de 35 anos por parada cardíaca – mesma causa do falecimento do pai – foi o motivo que a trouxe de volta ao Brasil, para cuidar da mãe e de quatro sobrinhos deixados pela irmã.

Novamente em Franca, a cientista procurou oportunidades em curtumes da cidade natal até que recebeu o convite para se tornar professora da ETEC em 2008. Joana ainda comandou pesquisa que resultou na produção de um tecido ósseo feito a partir de materiais também encontrados na natureza: escamas de peixes e colágeno de curtume.

* Nota: As informações e sugestões contidas neste artigo têm caráter meramente informativo. Elas não substituem o aconselhamento e acompanhamentos de médicos, nutricionistas, psicólogos, profissionais de educação física e outros especialistas.

Fonte | Saber Viver Mais

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