A briga é pelos bens do megaempresário José Carlos Guimarães, morto a mando do próprio filho em 2008; neta e avó brigam na justiça.

A família Guimarães – do mega empresário José Carlos Guimarães, morto em 2008 a mando do próprio filho – está envolvida há dois anos em uma disputa judicial pela herança do patriarca, avaliada em R$ 300 milhões. A briga judicial também envolve o Grupo Reical – um dos maiores fornecedores de calcário para o agronegócio de Mato Grosso.

Atualmente, o grupo é gerido pela viúva e pela filha do empresário, Idê e Adriana Guimarães, respectivamente. Mas em maio de 2016, a neta de Idê, Camila Nunes Guimarães, decidiu entrar na disputa societária, ao reivindicar a sua cota parte da empresa, além de sua parte na herança deixada por seu avô. Os bens envolvem propriedades urbanas e fazendas espalhadas em cidades como Várzea Grande, Cuiabá, São José do Rio Claro, Diamantino e Santo Antonio do Leverger.

Em fevereiro de 2017 Camila conseguiu a sua primeira vitória na Justiça, por meio da 5ª Vara Especializada de Família e Sucessões, que concedeu a ela 22% da herança de R$ 300 milhões e mais outros 22% de cotas das empresas Morro Grande Calcário e Reical Indústria de Comércio de Calcário.

No entanto, a avó e a tia de Camila recorreram da decisão e o caso está tramitando em segunda instância no Tribunal de Justiça Mato Grosso (TJ-MT).

Atualmente, Camila conseguiu ter acesso às cotas das empresas, mas ainda não recebeu a sua parte na herança.

Mesmo a Justiça reconhecendo Camila como sócia da avó e da tia, elas não permitem que a neta do empresário Guimarães tenha acesso pleno às instalações das empresas da família, além de retira-lá de todo o processo de contabilidade e lucros do negócio.

Diante da situação, Camila entrou com um recurso de agravo de instrumento no TJ-MT, para garantir o seu acesso às empresas. A liminar foi aceita, em março deste ano, pela relatora do caso, a desembargadora Nilza Maria Pôssas de Carvalho.

Desde então Idê e Adriana têm descumprido a decisão judicial, ao continuarem negando que Camila participe dos negócios da família.

A desembargadora já determinou multa diária de R$ 1 mil para as duas, devido ao descumprimento da decisão. A magistrada também alertou que elas correm o risco de serem presas – com base no Código Penal – caso não permitam o acesso de Camila as empresas Reical e Morro Grande Calcário.

“Desta feita, determino a intimação das agravadas para cumprirem imediatamente a determinação judicial de ID 1134991, sob pena de incidirem em crime de desobediência, previsto no artigo 330 do Código Penal (Desobedecer à ordem legal de funcionário público)”, destacou a desembargadora na decisão.

O mérito dessa ação ainda será julgado pela turma de magistrados da Primeira Câmara de Direito Privado do TJ-MT, que dará decisão final sobre o caso.

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Mega empresário assassinado

O megaempresário do ramo de calcário José Carlos Guimarães tinha 67 anos quando foi assassinado em janeiro de 2008, a mando do próprio filho, Carlos Renato Guimarães, conhecido como Tato. Carlos – que na época confessou o crime – é pai de Camila. Ele foi condenado a 12 anos e cumpriu pena de 4 anos e 8 meses em regime fechado. Hoje ele está em condicional.

O assassinato foi desvendado pela Delegacia de Homicídios e Proteção a Pessoa (DHPP) de Cuiabá. As investigações concluíram que Carlos contratou pistoleiros para assassinar o pai. Guimarães foi morto com três tiros na frente da sua empresa em Várzea Grande.

A época, o delegado Márcio Pieroni, que esteve à frente do caso, classificou o homicídio como “brutal e perverso” e que teria sido praticado por ambição.

“O filho possuía uma mágoa muito grande do pai. E também alegou que o pai maltratava a mãe. O que levou a isso é muita ambição, obsessão dele (Carlos Renato)”, disse o delegado.

Fonte | ReporterMT
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