Das muitas “intenções” dos brasileiros, seja no início, meio ou fim do ano, uma que eu considero lugar-comum é começar um (ou continuar o) curso de inglês. Everywhere, conta-se aos milhares os brasileiros e as brasileiras que sonham ser capazes de se expressar de maneira convincente, tanto por escrito quanto de forma oral, no idioma bretão. Pena que, na maioria dos casos, tudo fica mesmo é na pachorrenta “intenção”, seja por falta de tempo, dinheiro ou (o mais provável) disposição.

Para falar a verdade, nosso povo brasileiro não se mostra capaz de feitos linguísticos corriqueiros nem mesmo em língua portuguesa quando precisa se expressar de forma escrita ou falada, como demonstram o Enem e as entrevistas feitas em pequenas, médias ou grandes empresas. Somos péssimos para escrever (sobre) coisas banais e, para dizer o mínimo, horríveis para falar de maneira concatenada e convincente na “nossa” própria língua! Dá para acreditar numa coisa dessas?

E olha que eu afirmo isso com base na minha experiência como ser humano e como profissional da área da linguagem que vê inclusive seus pares, ou seja, outros professores de língua portuguesa ou inglesa demonstrando grande dificuldade de se expressar através de textos ou apresentações de cunho social ou profissional de grande importância no seu dia a dia. Ora, se nossos mestres são assim, o que podemos esperar de nossos aprendizes?

Well, o que posso dizer a respeito é que eu aprendi na escola e na vida que devemos nos dedicar ao máximo no que se refere a tudo o que nos propomos a fazer. Haverá facilidades e mormente dificuldades ao longo do caminho rumo ao conhecimento, seja qual for a área escolhida. Com dedicação, persistência e, vá lá, fé, porém, contrariando muitos prognósticos contrários, podemos chegar ao nível de competência desejado.

O que deve ser evitado, entretanto, é o pecado da simplificação extrema ou, se for o caso, a complicação excessiva de fatos e curiosidades que envolvem a língua-alvo nas suas mais diversas formas possíveis de manifestação. No caso do inglês, problemas com pronúncia e ortografia são comuns e compreensíveis, mas superáveis, desde que o estudo de um ou outro tema seja realmente levado a sério.

Dentro e fora da sala de aula, a pecha de chato dado ao estudo formal e sistematizado talvez seja algo que apenas habite a mente dos mais preguiçosos intelectualmente, entretanto ela não deixa de atingir aprendizes com capacidade acima da média também.

Resultado: em vez de progredirem gradativamente na escala de fluência comprovada e almejada, esse tipo de aprendiz, que eu particularmente chamo de hi-bye student – aquele que, por mais que tenha se dedicado por anos a fio ao estudo da English language, na hora H, seja para escrever ou principalmente para falar, por falta de prática ou acompanhamento profissional, atrapalha-se todo e não é capaz de demonstrar ao menos parte do seu potencial no campo da linguagem.

Nervoso, tímido ou inseguro, ele escreve pouco e mal; fala baixo e comete diversos deslizes lexicais e gramaticais – isso quando ele não prefere ficar em silêncio, tornando-se um “ouvinte” numa interação com estrangeiros, numa aula de inglês de nível mais avançado ou num grupo de conversação, por exemplo. O que é um absurdo!

Dos males, pelo menos o menor: esse tipo de student/learner pode até não se incomodar por errar a ortografia das palavras, mas ele capricha no /rái/ e /bái/ que saem da própria boca, o que às vezes chega a causar relativo espanto o fato de ele ser capaz de tal ousadia…

Fonte | Jerry Mill -Mestre em Estudos de Linguagem (UFMT), membro-fundador da Academia Rondonopolitana de Letras (ARL), ALCAA e associado honorário do Rotary Club de Rondonópolis

 
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