Vítima também teve diversos cortes, lesões e agora sonha em fazer uma faculdade e ter um braço mecânico. A recuperação já dura quase 6 meses.

Em questão de segundos, a viagem teve um novo destino. Na altura do km 44, BR-262, sentido Três Lagoas a Campo Grande, um acidente que levou a capotagem da carreta conduzida por Amilton Cezar Vieira Simões, de 41 anos. As cenas seguintes, segundo ele próprio define, são dignas de um “cinema da vida real”. Infelizmente, há quase 6 meses, o motorista teve um dos braços amputados e comemora estar vivo.

“Até hoje não tenho uma explicação para o que aconteceu. Tinha uma outra carreta dupla levando combustível na minha frente. Ela pode circular no máximo a 78 km/h e eu estava atrás, mais devagar ainda. A faixa não permitia ultrapassagem naquele momento e não vinha ninguém. No entanto, o condutor tentou naquele momento e uma ventania fez as minhas rodas levantarem e eu perdi o controle da direção”, comentou.

Antes de entrar na contramão, o motorista conta o veículo tombou por 3 vezes em um barranco. “Ele ia revirando e eu estava dentro da cabine fechada. Naquele momento, quebrei o dedo indicador do braço direito e vi o momento em que perdi o braço esquerdo. Não cheguei a entrar em desespero, entreguei a minha vida para Deus. Tinha que pensar em alternativas para escapar, pois, qualquer faísca poderia fazer a carreta pegar fogo e eu morreria na hora”, ressaltou.

Vítima conta que ganhou nova chance de viver após acidente  (Foto: PRF/Divulgação)

Vítima conta que ganhou nova chance de viver após acidente (Foto: PRF/Divulgação)

Ao final, Simôes relembra que o veículo estava muito danificado. “Quando eu consegui sair da cabine, percebi que tinha dois grandes cortes na testa e estava sangrando muito. Eu tirei a roupa, fui limpando e segui em direção a rodovia para pedir ajuda. Algumas pessoas não aguentaram me ver daquele jeito, umas desmaiaram, vomitoram na minha frente e outras até se negaram para não sujar o carro. Depois de muitos pedidos, duas senhoras passaram e me levaram até o hospital de Três Lagoas”, comentou.

No hospital, a família do caminhoneiro Amilton começou a ser informada dos fatos. “Minha família sempre me deu muito apoio e eu só pensava na minha esposa e filhos, de 18 e 20 anos. Sou motorista desde 2003 e agora me disseram que a categoria E é impossível novamente. Desde jovem, nunca descartei a possibilidade de fazer uma faculdade. Não tinha tantas facilidades como hoje, por isso, acho que é o momento para tentar”, ressaltou.

Neste período, a agenda se concentra em consultas médicas com fisioterapeuta, ortopedista, psiquiatra, entre outras especialidades. “Meu diagnóstico está evoluindo, mas, talvez terei de cortar novamente para fazer uma limpeza. Como o caminhão esfregou no asfalto, eu terei de fazer uma limpeza e, quem sabe, uma cirurgia plástica. Estou preparando o meu psicológico novamente para este momento e estou pronto”, comentou.

Enquanto isso, a família se mobiliza para ajudá-lo a ter um braço mecânico. “Estou pesquisando diversos preços e nós queremos fazer a rifa de uma motocicleta ou então um almoço para ajudar. Está sendo tudo novo, recomeçar e me adaptar a viver sem o braço”, finalizou.

Acidente ocorreu há quase seis meses em rodovia de MS (Foto: PRF/Divulgação)

Acidente ocorreu há quase seis meses em rodovia de MS (Foto: PRF/Divulgação)

Entenda o caso

Amilton conduzia uma carreta carregada com piche, que é uma substância para produzir asfalto, no dia 12 de julho de 2017, sentido Três Lagoas a Campo Grande. Um dos pneus estourou e o motorista invadiu a pista contrária e caiu em uma ribanceira, na altura do km 44.

A vítima sofreu diversas lesões e teve de amputar o braço esquerdo. Ele foi socorrido pelo Corpo de Bombeiros e encaminhado ao Hospital Auxiliadora.

Fonte | G1

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